Revista | Vol. 9, Dez 2018

O tempo cairológico na psicoterapia


Apresentação

O ponto de partida filosófico que baliza a nossa discussão ocorre com a superação da dicotomia entre o materialismo e o idealismo provocada pela fenomenologia de Edmund Husserl e seus conceitos fundamentais de intencionalidade da consciência e suspensão dos juízos (epoché). Influenciado por tal pensamento, Heidegger radicaliza a ideia husserliana e abandona o conceito de consciência, o que resulta na descrição do aí-ser (Dasein) como abertura para fora. Este fora, representado pelo mundo, é um horizonte existencial com determinações historicamente sedimentadas que constituem o sentido e a possibilidade do projeto que o aí-ser é. O pensador alemão afasta-se de qualquer instância subjetiva que queira explicar o homem e que não possua evidências fenomenológicas: É o horizonte existencial hermenêutico que determina o aí-ser, portanto ele é um ente ontologicamente indeterminado. Tal compreensão propõe a existência como acontecimento espacial e resulta na noção central de ser-no-mundo. O ser-no-mundo encontra-se sempre junto com os entes e é lançado em seu horizonte histórico sedimentado. Pela indeterminação ontológica do aí-ser, o próprio horizonte apresenta-se como indeterminado, sedimentado pela tradição e sem fundamento ôntico originário. Tanto o aí-ser quanto o mundo que se abre a ele estão sempre sob o risco de experimentar a corrosão de tal indeterminação originária.

Partindo de tal filosofia, pensar sobre uma simples divisão cartesiana do tempo, dividido entre passado, presente e futuro já se apresenta como um problema, pelo fato de que não existe tal separação cronológica no conceito de temporalidade na obra de Heidegger. Na essência do homem, o que se pode pensar é em uma articulação dessas três dimensões do tempo, que se correlacionam intrinsecamente no modo de ser existencial do aí-ser como cuidado (Sorge). Lembrando que existência, para Heidegger, significa “ser para fora” (eksistência), ou seja, o homem é o aí do ser, é a manifestação ou a clareira do ser, o aí-ser (Dasein). A temporalidade, assim, revela-se na articulação entre o projeto compreensivo do paciente de ser-se antecipadamente (Sich-vorweg-sein) – ou seja, daquilo que ainda não é, mas virá a ser no expectar futuro em direção ao ser-para-a-morte (Sein zum Tode) –, com o ser já em (Schon sein-in) – referente ao estar de antemão lançado, o já sido do passado – com, por fim, o ser-à-beira-de (Sein bei), que é o estar à beira dos entes intramundanos, o estar ocupado com o presente. Dessa maneira, o ser do aí revela-se em sua estrutura temporal em que passado, presente e futuro se articulam cairologicamente e, de acordo com nossa proposta, revelam-se na atividade dos afetos, na afetividade. O organizar-se cronológico do tempo cotidiano, neste sentido, estrutura-se antes pelo tempo cairológico, ekstático, da afetividade, em que o cuidado é revelação do ser do aí. É tal articulação temporal do cuidado que possibilita pensar a temporalidade cairológica do que Heidegger chama de tonalidades afetivas (Stimmung).

Para demonstrarmos a diferença do tempo cronológico e do cairológico na prática clínica, aproximar-nos-emos da origem dos dois termos, que remontam à mitologia grega e, de maneira didática, podem nos aproximar de um maior entendimento da importância de o psicoterapeuta estar atento a uma dimensão mais súbtil do tempo, em que os conceitos racionais e determinados são transpassados por uma temporalidade inapreensível e indeterminada, que revela a afinação afetiva da abertura do homem como aí-ser como proposto na filosofia de Heidegger.

O tempo cronológico

Numa possível interpretação, na mitologia grega, Chronos, filho do Céu (Urano) com a Terra (Gaia), é o responsável por romper os laços entre o eterno e o mortal. Ao castrar o pai (Urano), rompe a ligação do Céu e da Terra e passa a imperar soberano, devorando os próprios filhos com medo de uma profecia que afirmara que ele, a exemplo de seu pai, também seria destronado por uma de suas crias. Mas um dos filhos (Zeus) foge de tal destino, e no momento de ser devorado é substituído por uma pedra. De certo modo, Zeus escapa do tempo devorador e passa, então, da condição mortal para a eterna.

Zeus, para vingar os irmãos, conta com o auxílio de Métis (Prudência), que oferece uma poção que faz com que Chronos vomite todos os filhos que havia engolido. Zeus, assim, passa a reinar nos céus e Chronos é preso no Tártaro, uma espécie de inferno da mitologia. Chronos simbolicamente representa o tempo cronológico, o tempo sequencial que pode ser medido e que, irremediavelmente, devora o humano. Ele é cartesianamente medido: manhã, tarde e noite. Segundos, minutos, horas, dias, semanas, meses, anos, décadas e séculos. Passado, presente e futuro. Ele, portanto, é uma ideia criada pelos homens para organizar e articular a realidade, que ocorre exatamente entre o Céu e a Terra. Como toda a ideia, no entanto, apresenta em sua essência algo mais profundo e a possibilidade de defini-lo propõe a ideia do eterno. Sem a possibilidade do eterno não haveria maneira de pensar e compartimentar o tempo num calendário ou num relógio.

É interessante que Chronos tenha sido aprisionado no Tártaro, o inferno da mitologia grega, pois realmente quem fica aprisionado no tempo cronológico vive um verdadeiro inferno existencial. Apegar-se somente ao tempo cronológico é inevitavelmente existir sobre a ameaça constante de estar lentamente sendo devorado pela morte, um modo angustiante de existência. Na contemporaneidade, o excesso técnico e racional muitas vezes impõe que o homem viva sob a égide do cronograma, esquecido assim da outra dimensão temporal, em que a sequência é um mero detalhe que esconde atrás de si os mistérios e a fonte de uma temporalidade que se revela para além da razão e que, ao mesmo tempo, define os próprios conceitos racionais criados pelo homem.

Na psicoterapia, o tempo cronológico são os 50 minutos do encontro entre paciente e psicanalista, a frequência semanal das consultas, a própria disponibilidade de agenda do profissional e o tempo de duração do tratamento. Além disso, ele domina toda a narrativa do paciente, que ora fala de seu passado, comenta as dificuldades do presente e elabora ideias sobre seu futuro. Mas, em nossa proposta e seguindo as ideias de Heidegger, a essência do tempo da psicoterapia é outro. É o tempo da chamada compreensão-afetiva. Tempo este que transcende o tempo cronológico – lembrando que, para Heidegger, transcendência tem o significado de transpassar. Esta temporalidade cairológica é o verdadeiro maestro ou cozinheiro do processo psicoterapêutico. Por isso, o psicoterapeuta não pode ser refém do tempo cronológico e deve abrir-se a outro modo de compreender o tempo que se revela no encontro clínico.

O tempo cairológico

Na mitologia grega, Kairós é o chamado Deus do tempo oportuno, filho mais novo de Zeus, ou seja, neto de Chronos. Representa, assim, o que chamamos de tempo cairológico, um tempo qualitativo que está fora do relógio e dos calendários, que não fora devorado por Chronos. Tempo em que passado, presente e futuro se articulam em um mesmo instante, impossível de ser medido ou quantificado. É o tempo do insight, é o tempo da iluminação. É o tempo em que se revela o ser das coisas. O ser do aí-ser (Dasein). É o tempo da atividade dos afetos: Da afetividade.

O tempo cairológico é o tempo do instante eterno que transpassa toda a ideia que formata o tempo cronológico, ele permeia todas as ações humanas pelo facto de elas serem compreensões-afetivas e não meras construções racionais de uma mente objetiva. Toda ação humana advém de uma compreensão-afetiva que se articula neste tempo cairológico, em instantes compreensivos em que a realidade, incluindo o tempo cronológico, começa a se formatar. Kairós é aquele que perdoa os erros do avô Chronos e restabelece a ligação entre seus bisavôs: a Terra (Gaia) e o Céu (Urano). Ele supera a divisão cartesiana entre eternidade e mortalidade e o seu instante transpassa a vida cotidiana num pressentir afetivo que revela, em um átimo, o ser do aí.

Na psicoterapia, o tempo cairológico é o tempo do vínculo, da afetividade que tece a relação entre paciente e psicoterapeuta. É o tempo dos sentimentos que, quer queira quer não queira, brotam da própria relação em si. Tais sentimentos, que se revelam em instantes impossíveis de serem teorizados e apenas passíveis de serem aguardados, revelam-se em uma temporalidade para além da cronológica e é a verdadeira chave do processo psicoterapêutico. Para além de qualquer teoria, o que possibilita um real avanço no processo terapêutico é a afetividade genuína que nasce do vínculo paciente-psicoterapeuta.

Mas o que é afetividade para Heidegger? Para esclarecer melhor a relação entre a temporalidade e os modos de ser do homem como aí-ser, é necessário refletirmos sobre o conceito de tonalidade afetiva (Stimmung), que clareia a ideia heideggeriana do homem ser abertura e não mais um sujeito encapsulado que, por meio de sua psiquê, relaciona-se com o mundo como objeto externo a ele.

As tonalidades afetivas

Aprofundadas por Heidegger na obra de 1930, Conceitos Fundamentais da Metafísica (Mundo – Finitude – Solidão), as tonalidades afetivas apontam para algo que não pertence ao aí-ser, que não é produzido por ele, mas que também o constitui originariamente e fundamentalmente. Dizemos que o aí-ser padece de uma tristeza, que ele a sofre, pelo fato de não a ter escolhido, de ela transcender, transpassar, sua identidade e personalidade. O aí-ser, portanto, encontra-se em determinada tonalidade afetiva, não a possui, ela não faz parte de uma subjetividade, de uma inconsciência ou de algo externo que invade uma interioridade, mas é o próprio modo de abertura da totalidade do mundo, que se abre já nesta ou naquela tonalidade afetiva e se revela, e é isto o essencial, já em um “encontrar-se no meio do ente”, como forma de deixar que o ente venha ao encontro.

O aí-ser não possui ou pertence a determinada tonalidade afetiva e, sim, já se encontra afinado (gestimmt) por ela, que, neste sentido, não precisa ser constatada, mas sim vir à manifestação em “um deixar o que dorme vir a despertar”. É preciso, portanto, deixar a tonalidade afetiva manifestar-se, num suspender intelectivo da busca artificial e arbitrária. Desta forma, a tonalidade afetiva está, mesmo quando adormecida, presente, mas paradoxalmente não está aí, pois adormecida.

Não se trata, é importante ressaltar, de uma questão de inconsciência que de repente se torna consciente, como a psicanálise busca compreender os conteúdos reprimidos. Na verdade, as tonalidades afetivas não se movimentam em esferas e patamares de consciência, mas sempre estão aí na obscuridade ou na claridade, velando-se e revelando-se de acordo com o modo de afinação da abertura do aí-ser. A tonalidade afetiva pertence sempre ao ser do aí e neste sentido abre a afinação de mundo ao aí-ser, antes mesmo do entendimento, da interpretação, da enunciação e do próprio sentido, modulando, portanto, a maneira como o mundo se abre e como o mundo é compreendido, enunciado e interpretado. É a tonalidade afetiva, como o modo de manifestação da afinação do ser, que articula ou rearticula sentido. Então, a tonalidade afetiva perfaz o modo como o aí-ser está junto das coisas no encontrar-se (Befindlichkeit), transpassando-o.

A condição de abertura do aí-ser, portanto, indica que ele sempre já está afinado deste ou daquele modo, portanto, as tonalidades afetivas não se caracterizam como um ente que se manifesta ao invadir a alma humana, mas sim como uma atmosfera que propriamente abre o como do aí-ser. Ela aponta o tom, harmonioso ou não, da convivência no ser-com (Mitsein) e do aí-ser junto às coisas, abrindo, assim, o fundamento do aí-ser em suas possibilidades. Mesmo quando indiferente, por exemplo, o aí-ser já se encontra afinado na indiferença e tal abertura abre as possibilidades dos modos de pensar e agir no mundo neste ou naquele tom.

Enquanto abertura, o aí-ser pode alterar a tonalidade afetiva de determinado ambiente, quando, por exemplo, alguém triste, com ar deprimido, adentra num local e, como nos diz a sabedoria popular, “o contamina” com sua tristeza e modula o modo de abertura da convivência que ali se estabelece. Do mesmo modo, quando adentramos num ambiente alegre e descontraído, tal local pode afinar nosso sentimento de tristeza e indiferença para um modo de estar mais relaxado. A atmosfera afetiva, deste modo, estabelece um tom de abertura no ser-com, em que a convivência busca uma harmonia entre as diferentes e diversas tonalidades afetivas que se abrem no convívio. Por isso, dizemos que o ambiente de um hospital ou de um cemitério é “pesado”, ou dizemos que um bosque é “bucólico” ou que um circo é “alegre”. No entanto, o modo de abertura de cada aí-ser modula-se com tal ou tal afinação do lugar, podendo mesmo um hospital tornar-se mais alegre, um cemitério mais tranquilo e um circo mais triste: Todas as modulações dependem do modo de abertura de cada aí-ser, que pode harmonizar-se, ou não, com a afinação de determinado local, que também tem em si uma multiplicidade de tons. Tais modulações afetivas, tanto de cada aí-ser quanto do ambiente, são imprecisas e impossíveis de serem listadas ou intelectualmente apreendidas e só podem ser interpretadas e enunciadas hermeneuticamente pelo aí-ser que as sente. Cada aí-ser abre-se e modula-se ao seu modo em cada ambiente, e em cada modo de ser junto a cada ambiente modula-se de acordo com cada aí-ser, não havendo nenhuma possibilidade de teorização sobre tais sentimentos ou mesmo de separação homem (sujeito) e ambiente (objeto), ou corpo e alma, tornando-se assim impossível desvincular a afetividade heideggeriana de uma experiência integral do ser-no-mundo.

Em resumo, os sentidos dados pelo aí-ser são compreensões-afetivas que se estabelecem de acordo com o modo de abertura do aí-ser, de acordo com a afinação afetiva que lhe perpassa no instante (cairológico) e se revela no momento presente (cronológico) de sua vida fática. Portanto, cada aí-ser tem seus modos específicos de dar sentido dentro do campo relacional e histórico de abertura que ele estabelece a cada vez.

Mesmo o modo como o homem interpreta o tempo cronológico altera-se de acordo com tal abertura, afinando-se de acordo com a tonalidade afetiva específica. Por exemplo, um paciente deprimido pode muito bem narrar sua experiência temporal como arrastada, como se o tempo não fluísse, não passasse. Qualquer homem, na realidade, vive tal experiência de maneira mais ou menos radical. Um momento de tédio, como por exemplo o esperar alguém atrasado para um encontro, pode parecer muito mais longo do que um dia relaxante na praia durante as férias de Verão. Este modular temporal das tonalidades afetivas está constantemente em jogo na relação entre paciente e psicoterapeuta, até mesmo pelo fato de o setting psicoterapêutico possibilitar de modo radical a revelação desta temporalidade que transpassa a cronológica.

Conclusão

Uma das principais marcas do pensamento filosófico de Heidegger é uma tentativa de superação da metafísica tradicional, que pensa o ser de modo separado e superior aos entes desde o idealismo platónico. Mesmo a metapsicologia freudiana possui tal influência, ao conceber no aparelho psíquico patamares de consciência e inconsciência no comportamento humano. Em Heidegger, não há nada inconsciente ao homem. Na realidade, o sentido do ser está velado, mas, a qualquer momento, pode ser desvelado (Alétheia) pela compreensão-afetiva.

No caso do tema central de nossa reflexão, a dicotomia entre o tempo cronológico e o cairológico também é suspensa na filosofia heideggeriana. Não há um tempo do mundo e um tempo da eternidade, mas ambos articulam-se. O tempo cairológico, do instante (Augenblick) e da afetividade, transpassa e modula o tempo cronológico das sensações, mas não de maneira separada: O tempo cairológico e cronológico são inseparáveis, intimamente conectados, e é apenas o modo de desvelamento entre ambos que pode diferenciá-los.

Em nossa meditação, a tonalidade afetiva, que abre o mundo como existência (ser para fora) do aí-ser em determinadas afinações, revela esta indissociável ligação entre os tempos cairológico e cronológico. É apenas numa compreensão-afetiva, num instante cairológico que não pode ser controlado pela razão ou medido por cronologias, que o homem, como aí-ser, tem a chance de conhecer-se a si mesmo de forma mais profunda. Portanto, é pelo sentir que a verdadeira mudança existencial é possível e uma temporalidade autêntica, que articula Kairós com Chronos, revela-se. É o religar do tempo do mundo com o tempo eterno. Remetendo novamente para a mitologia grega, a reunião do Céu (Urano) e da Terra (Gaia). É o que Heidegger chamará de temporalidade autêntica. O verdadeiro tempo da psicoterapia: O cuidado.

Pensar tal temporalidade autêntica na prática clínica de psicoterapia, nesta articulação cairológica e cronológica, abre a possibilidade de futuras reflexões sobre como o modo de ser existencial do psicoterapeuta deve ser balizado no que Heidegger chama de cuidado. Tema recorrente neste tipo de investigação, o cuidado é ele mesmo a estrutura articulada da temporalidade autêntica a qual o psicoterapeuta deve estar atento para não ser devorado pelo aparente reinado de Chronos no mundo técnico da contemporaneidade. O tempo psicoterapêutico deve sempre ter em conta a lição mitológica de que Zeus escapou de seu destino e deu origem a Kairós, o instante que nos aproxima de uma relação mais profunda com o tempo da afetividade.

Resumo

O objetivo do artigo é refletir sobre a dimensão cairológica da temporalidade na prática clínica por meio da filosofia de Martin Heidegger. Após a publicação dos Seminários de Zollikon (1959-1969), que compila os dez anos de encontros do pensador alemão com psiquiatras e psicanalistas na Suíça, as ideias do filósofo passaram a influenciar sobremaneira a psicoterapia, originando a daseinsanálise e, na contemporaneidade, uma psicoterapia de bases fenomenológico-hermenêuticas. O conceito de tempo, central na principal obra de Heidegger, Ser e Tempo (1927), é fundamental para se pensar uma clínica em que as divisões cartesianas de sujeito e objeto cedem lugar à revelação do homem como abertura, como aí-ser (Dasein) ou ser-no-mundo. Apresentaremos neste artigo as diferenças entre o tempo cronológico, do sujeito cartesiano e racional, para uma temporalidade cairológica, a qual revela e enuncia o tempo das tonalidades afetivas (Stimmung), verdadeira raiz da compreensão do paciente sobre si mesmo.

Referências

Almeida Prado, M. (2001). Uma apresentação sobre os Seminários de Zollikon. Revista da Associação Brasileira de Daseinsanalyse (págs. 29-46). São Paulo: ABD

Heidegger, M. (2005). Os conceitos fundamentais da metafísica: Mundo, finitude e solidão. (Marco Antonio Casanova, trad.). 2°ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária.

Heidegger, M. (2009). Os Seminários de Zollikon: Protocolos, Diálogos, Cartas (1959-1969). Org. Medard Boss. ( Gabriela Arnhold e Maria de Fátima de Almeida Prado, trad.). Petrópolis, RJ: Vozes.

Heidegger, M. (2012). Ser e Tempo. (Fausto Castilho, trad.). Petrópolis (RJ): Editora Vozes.

Title

Cairological time in psychotherapy

Abstract

The article reflect´s on the cairological dimension of temporality in clinical practice through the philosophy of Martin Heidegger. After the publication of the Seminars of Zollikon (1959-1969), which compiles the ten years of meetings of the german thinker with psychiatrists and psychoanalysts in Switzerland, the philosopher’s ideas began to influence psychotherapy, leading to daseinsanalysis and the psychotherapy of phenomenological hermeneutical bases. The concept of time, central in Heidegger’s major work, Being and Time (1927), is fundamental to think of a clinic in which the cartesian divisions of subject and object give way to the revelation of man as openness, as Dasein or Being-in-the-World. We will present in this article the differences between chronological time, from the cartesian subject and rational, to a cairological temporality, which reveals and states the time of mood (Stimmung), the true root of the patient’s understanding of himself.

Keywords

Temporality; Phenomenology; Hermeneutic; Mood; Psychotherapy