Revista | Vol. 8, N. 1, Dez 2017

Uma psicanálise a céu aberto - Então a freguesia, diga-me lá o que a traz por cá?

Pensar sobre Psicanálise e Comunidade pode, ao princípio, parecer ser um paradoxo, pois de um lado tem-se o individual e do outro o colectivo. Como conciliar uma ciência caracterizada pela singularidade e subjetividade com algo amplo como um grupo de pessoas num determinado território? Como entender a aplicabilidade de um método de trabalho que enfatiza o valor da experiência emocional de uma dupla com uma abordagem mais social?

Ao lidarmos com o inconsciente e com as relações humanas, ficamos desde logo imersos no espaço político e, portanto, nunca podemos desconsiderar o mal-estar na civilização na ética da nossa acção. A vontade de decifrar os males provenientes em sociedade presentes no discurso do Outro e nos modos simbólicos de existir constituiu desde sempre um desafio à praxis da psicanálise.

Na construção da sua teoria, Freud (1921, 1927, 1930 [1929]) teve em muita consideração as consequências psicológicas do mal-estar na sua época a censura, o recalcamento, a inibição, a repressão, a culpa, os fenómenos conversivos histéricos, a fobia, em suma, a neurose foi o valor paradigmático para as suas formulações sobre o funcionamento psíquico. No palco da sua comunidade estavam em cena peças que falavam sobre o início da rotura aos ideais da sociedade patriarcal. A sociedade do dever e da disciplina, que dizia o que fazer, onde tudo estava estabelecido e organizado a priori, estava a começar a desvanecer-se. Quando lemos os guiões que nos foram legados do passado somos também convidados a imaginar o presente político e cultural dessa comunidade.

Reportando à atualidade, que urgências subjetivas e sociais grita hoje a nossa comunidade? Quais as consequências do mal-estar da época em que vivemos para o funcionamento psicológico dos indivíduos? Que interioridade psicológica resiste e existe na sociedade atual sem os muros de outrora? Como poderá a escuta e o contato psicanalítico ajudar no mal-estar da nossa comunidade?

Com o propósito de pensarmos a Psicanálise não só como uma abordagem clínica, mas fundamentalmente como uma possibilidade teórica e técnica específica que pode contribuir para uma compreensão e intervenção fora do setting tradicional, proponho uma análise e reflexão sobre as três seguintes dimensões:

       a) A comunidade, os seus atores e as suas dores;

       b) Uma psicanálise a céu aberto;

       c) A transferência e as suas múltiplas moradas.

 

A comunidade, os seus atores e as suas dores

Hoje, assistimos no palco da sociedade atual a alterações significativas que obrigatoriamente tem que ser pensadas (Dolto, 1989; Branco, 2000; Foucault, 2005; Winnicott, 2005). O que antes funcionava como ideal universal do mundo ocidental fragmentou-se, pluralizou-se. Com o colapsar das hierarquias representadas pelas instituições tradicionais, Família e Igreja e, eventualmente, o Estado, a preponderância dos paradigmas que sustentavam os ideais e, até então, balizavam o psiquismo, parece ter perdido a sua força.

Quando observamos a comunidade atual, reparamos que a família em muitas situações já não é o principal agente central da socialização, da formação da identidade e da subjetividade. Educar e cuidar requer parar, movimento que parece contrário ao imposto pela contemporaneidade.

Hoje o rendimento e a produtividade parecem ser atores principais! Apela-se à motivação, à iniciativa, ao projeto e ao empreendedorismo! O encorajamento dos impulsos narcísicos parece estar a precipitar o sujeito do rendimento na depressão e no esgotamento (Foucault, 2005; Byung-Chul Han, 2014).

Corre-se contra o relógio, tenta-se dar conta de uma série infindável de compromissos que parece não termos escolhido, mas que se impõem a nós. É insuportável esperar! É insuportável olhar para dentro! A velocidade vira companhia, o silêncio intolerável e com este guião a vida deixa de Ser Sonhada! Na comunidade assistimos à emergência das instituições formais como espaços de contenção e de organização do Eu. Dentro dos seus muros tentam oferecer suporte aos efeitos nefastos da pós-modernidade, onde a solidão parece estar a constituir-se como marca existencial da humanidade.

As histórias dos idosos, a ação dos adultos, as aventuras dos adolescentes e o brincar das crianças parecem já não se encontrar à mesa para falar. Hoje, os muros de betão parecem não permitir a exploração, o brincar e a relação, a ambição é a hipersegurança e a ditadura na liberdade do pensamento e da ação. Paralelamente, as redes sociais, que se apresentam como espaço de liberdade, convertem-se num grande panótico, a montra de exibição da transparência humana (Byung-Chul Han, 2014).

O prazer solitário de nos fazer extasiar diante da surpresa, da novidade, do diferente, do Outro, parece ser atropelado pelo igual, pelas multidões que obedecem às ordens inquestionáveis de um comando que indica de fora o que deveria ser visto e admirado por dentro. Perante a massificação, o desejo interior perde reflexão e o indivíduo ao não estar em relação perde-se na sua solidão. Despojado da sua singularidade aprisiona-se à superficialidade, perdendo a sua identidade e historicidade.

Hoje, parece existir pouca disponibilidade para parar, um medo gigantesco em pensar, o que interessa é avançar. Parece que vivemos um presente contínuo, onde enclausurámos o passado, a história e a memória, ficando condenados a repetir e, por consequência, incapazes de nos projetar no futuro. Ajudar a comunidade a refletir quando a ordem instalada é de não pensar e agir pode ser uma ocasião inaudita para uma mudança de posição para os que pensam o mal-estar na civilização.

Na comunidade observamos o desespero do desempregado, que luta para não ser apenas um número estatístico. Observamos o esforço dos técnicos de intervenção social para responderem às necessidades da materialidade e da adaptação. Observamos a urgência e o sem sentido, a frustração e a exaustão. Observamos o burnout e a perpetuação das patologias da dependência dos utentes.

Observamos a impotência dos professores, o que poderão eles ensinar a quem não vem preparado para ouvir as letras e os números? O que poderão eles ensinar a quem vem com fome de amor e identificações? O que poderão eles ensinar a quem ainda não tem os nutrientes para querer conhecer o mundo? O que poderão eles ensinar se o aluno transfere o seu mal-estar e solicita um cuidar primário?

Nas escolas encenam-se peças sobre o mal-estar da sociedade e da dor da singularidade. Perante o desnorte de sentido: a disrupção e o acting, a ansiedade e a depressão, os professores esforçam-se e desesperam-se para manter a sua humanização!

No palco, na comunidade, nós, os psicólogos, tentamos manter o espírito da nossa profissão, tentamos não ser também engolidos pela estatística económica e social em que todo o ser humano que for um número adaptado é “normal”. Lutamos porque estando perto e em relação, no reflexo do olhar, ninguém é normal… todo o Ser é único e indivisível!

Hoje, é indiscutível que, no plano comunitário, se encenam sobretudo as patologias da sobrevivência, narcísicas e da dependência. A neurose parece não ser tão evidente, em cena parece estar o agir, a vergonha e muitas vezes o medo e ódio ao humano. Neste cenário, levantam-se novos desafios para a técnica? No entanto, tal como na época de Freud (1919 [1918]), o desafio mantém-se: perceber os indivíduos que hoje habitam o mundo, agora global, liberal, sem tradição e valores. Que indivíduo é este da globalização, a que pressões está sujeito? Se a socialização, a subjectividade e a identidade dos indivíduos muitas vezes já não acontecem na família e na escola como prolongamento mas como substituição, então como se formam estas personalidades e identidades subjectivas? Que características apresentam estes indivíduos?

Uma psicanálise a céu aberto

Aqui, na Comunidade somos convidados a sair do conforto do nosso consultório! A fazer o movimento contrário ao da sociedade, a sair de entre os muros! Arregaçamos as mangas, vamos também nós para o palco, para comunidade, vamos ouvir os seus atores e as suas dores. Sem os muros do nosso consultório, enfrentamos a violência da precariedade social, ouvimos os pedidos que vêm da rua, enfrentamos as resistências da dor que ainda não consegue falar para pedir ajuda.

Na rua ouvimos o mal-estar das pessoas, das famílias e das instituições! Ouvimos os seus pedidos de ajuda! Ouvimos as falas quotidianas e agidas da comunidade. Esperamos, não interpretamos, com sensibilidade aguardamos conseguir entender e subjetivar o pedido! Qual a motivação explícita e inconsciente? Que outros pedidos poderão estar enclausurados? Existe dor depressiva para dar voz a um verdadeiro desejo de mudança e transformação? Ou pelo contrário, o apelo é à materialidade e à adaptação?

Sem os muros do nosso consultório, estas nossas dúvidas abrem outras potencialidades, a de nos permitir movimentar pela comunidade, conhecer o território e a sua social especificidade. Vamos indagar a realidade! Vamos ouvir Outros que, com a sua dor, possam estar a causar ou a manter a dor do paciente sinalizado? Vamos perceber se o problema identificado pode também conter em si uma dor social?

Munidos de instrumentos de subjetivação, devemos estar preparados para escutar a crueza da realidade e atentos para interpretar os seus diferentes pedidos de ajuda. O importante aqui não é darmos conta dos sistemas sociais ou culturais da comunidade, mas da matéria psíquica individual e grupal com os quais estes se constroem (Branco, 2000).

No palco da comunidade, como dentro dos muros do nosso consultório, vamos enfrentar resistências! A nossa escuta vai ser solicitada, na maioria das vezes muito desejada, mas inevitavelmente vai criar receios, desconforto e angústias persecutórias e paranóides no Outro. A resistência do singular e do grupal mostra-nos a infeção do clivado e do recalcado, aquilo que ainda não pode ser tocado.

Vivenciamos frustração na convocação de terceiros, na burocratização, na precaridade psíquica, económica e física. Observamos os movimentos dos grupos de aproximação e afastamento de outros, a quem ficam atribuídos todos os males. Observamos que a pulsão de vida, ao tentar impedir que a pulsão de morte cumpra o seu destino de destruição, causa tensão. Estando também no palco, percebemos que a nossa neutralidade nem sempre será possível.

É possível que sejamos pressionados, em primeiro lugar por nós próprios, mas também por outros, para objetivar com rapidez o mal-estar da comunidade. Para construir com urgência conceitos e definições específicas para uma determinada problemática. Mas, se estivermos nesta posição, estaremos sempre condenados ao insucesso e à frustração! Perderemos a distância e a neutralidade reflexiva e também nós seremos engolidos, pelo cansaço, pela depressão, pela patologia, pela economia!

Mais do que intervir, num primeiro momento, é necessário ouvir, acolher e perceber, dar voz à fantasia e ao inconsciente do pedido. Como é que a comunidade se apresenta, como é que ela fala e do que fala, o que ela transfere para nós. Onde observamos o mal-estar na freguesia? O que liga, o que une as pessoas e as famílias? O que liga as instituições e a rede social, os moradores do bairro e os habitantes da Freguesia? Sempre atentos às expressões simbólicas do real e não só fotografia da realidade, devemos subtrair o consumo da negatividade atópica do Outro.

A significância interna e consequente transformação advirá no momento seguinte com a palavra e com a definição do espaço de escuta e da intervenção, seja ela preventiva ou terapêutica. Organizando espaços terapêuticos, grupos de discussão e dinâmicas de grupo, consultadoria e supervisão, palestras ou formações, podemos criar condições para aceder e trabalhar processos transferências vividos e desbloquear conflitos interiores. A fala quotidiana poderá assim, por via da transferência, investigar formas de subjetivar o pedido, o sintoma e o acting.

A transferência e as suas múltiplas moradas

Com um setting a céu aberto, modificações profundas vão ser instaladas no nosso cenário clínico. Com o sintoma a residir em múltiplas moradas temos que pensar em como focar a nossa ação! Focamo-nos na modificação das condições do ambiente, com intervenções preventivas diversas, ou apenas no paciente identificado, no sentido de criar condições para que este possa retomar o seu desenvolvimento suspenso? Intervimos individualmente com cada ator encenado no sintoma? Privilegiamos a escuta e aconselhamento da dupla envolvida? Ou apostamos na consultadoria e formação do grupo? Ouvindo e descodificando as representações intrapsíquicas, intersubjetivas e transubjetivas iremos encontrar o Como, o Onde e o Quando intervir! Iremos investigar as novas formas de psicopatologia e as suas inter-relações com o social.

Com esta ampliação da técnica psicanalítica no palco da comunidade, o conceito de transferência ganhará enfoque. Aqui, a transferência, descrita por Freud como a reedição de um método específico próprio de atualização do desejo e da vida erótica (1912), é considerada de forma bastante particular. Enquanto na dinâmica transferencial do setting psicanalítico tradicional, esta ocorre apenas entre o analista e o analisado, na comunidade o psicanalista será também um observador e um descodificador dos movimentos transferenciais entre os diversos atores que encenam no palco.

Esta mudança na premissa analítica vai permitir investigar o deslocamento da transferência de uma única pessoa para um lugar, para uma família e os seus elementos, uma instituição e os seus profissionais, uma escola e os seus professores e alunos, um bairro e os seus moradores. Neste contexto, a palavra quotidiana poderá encontrar espaços de fluidez, sem estabelecer de antemão um único interlocutor. A transferência será assim desviada para múltiplas moradas. Onde o ator da sinalização e o da identificação poderão ambos se converter em destinatários, depositários do sintoma e da repetição emocional.

Em espaço neutro descontaminado do social, vamos ouvir o presente dos autores e das suas dores. Vamos ouvir o sintoma no espaço e no tempo da geração, do próprio, da família e do grupo e fazer perguntas à realidade que grita por ajuda. O que está a ser rememorado, reproduzido e repetido à espera de ser descodificado? Na dor do identificado que outras dores estão a ser encenadas? Que representações e configurações vinculares existem e que não estão a possibilitar a aliança? Que homeostasia está a ser garantida com o depositar no sintoma deste mal-estar? O que grita o identificado para ser revelado e que não pode ser mais calado?

Tal como no consultório, traduzindo do inconsciente para o consciente, tentamos trabalhar nas resistências que criam obstáculos ao regresso do reprimido. Tentamos encontrar soluções para o que resiste a Eros, o que impede a relação e a ligação na família, de um pai e um mãe de se ligarem, vincularem e identificarem; na escola, de um professor ensinar e do aluno aprender a explorar o mundo e a natureza. Tentamos criar condições para entender as pré-condições para a formação dos sintomas.

Ao não encontrar a palavra, o sintoma encontra no corpo, através da repetição à compulsão, do deslocamento e da condensação, a possibilidade de marcar o Outro com a esperança de descodificação de uma recordação (Freud, 1912, 1914, 1920, 1926 [1925]). Abrem-se assim múltiplas possibilidades de reatualizar os conflitos psíquicos e encenar os romances familiares (Freud, 1915). Ao representarem cenas comoventes, hostis ou cómicas no palco, os atores não contam simplesmente uma história, vivem e reproduzem os seus sentimentos em ato e, nesse ato, há a possibilidade de reescrever a sua própria história.

O inconsciente vai criar condição para que o reprimido exija satisfação e na impossibilidade de tudo dizer, recalcado e clivado são colocados fora sem constituir disso registo de memória e compreensão. Pela via da transferência revela-se o sintoma (Freud, 1912, 1914). Os conflitos e as resistências na comunidade entre a função e a obrigação do viver intersubjetivo e o desejo e o prazer do viver subjetivo poderão produzir dor no ator. Indagar e descodificar a singularidade engolida pela modernidade onde a subjetividade humana e o potencial crítico do Ser parece estar silenciado é a necessidade! O que travou a vontade espontânea de brincar, amar e de abraçar o Outro e o mundo?

Assim, a cada dia de trabalho na Junta de Freguesia, diante de cada sinalização ou disrupção ocorrida na comunidade a minha escuta clínica abre-se obrigatoriamente para o inédito (Freud, 1919 [1918]). Que novas narrativas, que novas significações, que novas intervenções me vêm bater hoje à porta? Em cada pedido do executivo da Junta, da rede social, das escolas ou dos fregueses pode abrir-se uma nova possibilidade de escuta, de conhecer e compreender a minha paciente – a freguesia.

- Então Freguesia, diga-me lá o que a traz por cá?

Referências

Branco, E. C. (2000). Vida, Pensamento e Obra de João dos Santos. Lisboa: Livros Horizonte.

Byung-Chul Han (2014). A agonia de Eros. Lisboa: Relógio D`Água.

Dolto, F. (1989). A Dificuldade de Viver. Lisboa: Publicações Dom Quixote.

Focault, M. (2005). Em defesa da sociedade. Curso no Collége de France (1975-1976). São Paulo: Martins Fontes.

Focault, M. (2005). A ordem do discurso. São Paulo: Editora Loyola.

Freud, S. (1912). A dinâmica transferencial. Volume XII – O caso Schereber, artigos sobre a técnica e outros trabalhos.

Freud, S. (1914). Recordar, Repetir e Elaborar (novas recomendações sobre a técnica de psicanálise II). Volume XII – O caso Schereber, artigos sobre a técnica e outros trabalhos.

Freud, S. (1915). Observações sobre o amor transferencial (novas recomendações sobre a técnica de psicanálise II). Volume XII – O caso Schereber, artigos sobre a técnica e outros trabalhos.

Freud, S. (1919 [1918]). Linhas de progresso na terapia psicanalítica. Volume XVII – História de uma neurose infantil e outros trabalhos.

Freud, S. (1920). Além do princípio do prazer. Volume XVIII – Além do princípio do prazer, psicologia do grupo e Outros trabalhos.

Freud, S. (1921). Psicologia do grupo e análise do ego. Volume XVIII – Além do princípio do prazer, psicologia do grupo e Outros trabalhos.

Freud, S. (1926 [1925]). Inibições, sintomas e ansiedade. Volume XX – Um estudo autobiográfico, Inibições, sintomas e ansiedade, A questão da análise leiga e outros trabalhos.

Freud, S. (1927). Futuro de uma ilusão. Volume XXI – O mal-estar na civilização e Outros trabalhos.

Freud, S. (1930 [1929]). O Mal-estar na civilização. Volume XXI – O mal-estar na civilização e Outros trabalhos.

Salomão, J. (1969-80). Edição Eletrónica Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Freud. Rio de Janeiro: Imago Editora.

Winnicott, D. W. (2005). Tudo começa em casa. São Paulo: Martins Fontes

Title

Psychoanalysis in the open skies. So, Parish, tell me… what brings you here?

Abstract

How does the community introduce itself, how does it speak, and what does it speak about? What social and subjective urgencies are there in my Parish today? In a 20 sq.km office, as is the case of the Parish of S. Domingos de Rana, where should we start our intervention, what ill-beings should be prioritized, and where and how should we intervene? How to reconcile a science characterized by uniqueness and subjectivity, with something broad as a group of people in a given territory? How to understand the applicability of a work method that emphasizes the value of a couple’s emotional experience with a more social approach?

With this communication, I intend to reflect on psychoanalysis not only as a clinical approach, but fundamentally as a specific theoretical and technical possibility that can contribute to an understanding and intervention outside the traditional setting.As in the parish there is no couch, the classic analytic setting does not fit, so my psychoanalysis has been the Open Skies.

Keywords 

Psychoanalysis; Community Intervention