Revista | Vol. 8, N. 1, Dez 2017

Sobrevoando o primeiro olhar psicanalítico da neurose obsessiva

“ (...) a neurose obsessiva existe e, mais do que nunca, trata-se da neurose contemporânea por excelência (...) consequência de uma posição do sujeito que guarda uma estreita relação com o discurso capitalista do mundo atual” (Gazzola, 2005, p. 12).

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Gazzola (2005), no seu livro “Estratégias na Neurose Obsessiva”, chama a atenção para os constantes ataques que a clínica das neuroses, na perspetiva psicanalítica, tem sido alvo. Um exemplo é o desaparecimento da histeria, enquanto entidade clínica, da DSM-IV, por conseguinte sob os auspícios da Associação Americana de Psiquiatria. Alerta também para fatos estatísticos americanos que apontam para um crescimento significativo da Perturbação Obsessivo-Compulsiva, bem como para as ideologias que veiculam a ideia da “eficácia” do tratamento químico comparado ao fracasso da abordagem clínica clássica -considerada refratária ao tratamento -, fazendo tábua rasa dos avanços da clínica psicanalítica: “É preciso, então, continuar a falar dessa neurose”, remata Gazzola (pp. 11-12).

Com efeito, a sociedade/cultura atual estimule uma ideologia em que o pensamento e a ação impulsionam psicologicamente o indivíduo, em detrimento do sentimento, autenticidade e necessidades genuínas (Gruen, 1995, 1996), bem como não surpreendem os dados da OMS ao propugnarem que, até ao ano 2020, o transtorno obsessivo-compulsivo estará entre as dez causas mais importantes de comprometimento por doença (Murray e Lopes, 1996). Surpreendentemente, a corrente psicanalítica não tem revelado grande interesse por esta neurose, tratando-a “como uma espécie de parente pobre” (Almeida, 2013, p. 11).

Nesta linha de ideias, Almeida (2013), para quem o desinteresse pela problemática obsessiva continua manifesto na primeira década do século XXI, defende que “estruturou-se a convicção silenciosa que sobre neuroses tudo já tinha sido dito e estudado” (p. 10), e acrescenta, “a corrente psicanalítica tem ficado mais ou menos parada, pensando a neurose obsessiva e os seus derivados como uma espécie de parente pobre” (p. 11). A autora não deixa contudo de salientar que outras correntes não psicanalíticas têm sido profí-
cuas neste terreno, tendo desenvolvido um trabalho minucioso nesta área.   

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“A contradição entre a necessidade de salvar a face perante si próprio e a prontidão em pactuar com o poder pela subjugação é (…) a cisão mais fundamental, e talvez a primeira da alma humana (…). Ser obediente significa ser bom, e ser bom significa ser responsável. Ser livre (…) significa desobediência, e quem é desobediente provoca desgosto e candidata-se a perder a proteção dos poderosos, ou a hipótese de participar do seu poder”.
Arno Gruen (1995, p. 19)

 

Várias poderão ser as razões para, no contexto de um trabalho elaborado no âmbito da formação em psicanálise, se “falar” sobre a neurose obsessiva. Uma delas tem a ver com o facto da sociedade/cultura atual estimular uma ideologia em que o pensamento e a ação impulsionam psicologicamente o indivíduo - numa óbvia desproporção em relação, por exemplo, ao sentimento, sensação, intuição, divertimento, sonho acordado e interesse pelas artes criativas -, albergando convicções e princípios individuais em que predomina um estilo de funcionamento mental que apadrinha uma cisão entre o intelecto/ação e o sentimento e onde se agitam “máquinas vivas” e a rigidez do intelecto/pensamento (Shapiro, 1965 ; McWilliams, 2005, p. 315).

Nas sociedades consideradas predominantemente tecnológicas, mormente aquelas em que o “ter” e o “fazer” prevalecem sobre o “ser”, multiplicam-se seres humanos cujas personalidades se organizam em torno do pensamento (obsessivo) e da ação (por vezes, compulsão). Estamos a pensar naquelas sociedades em que:

- impera a idealização da razão e a fé no progresso alcançado através da ação humana (McWilliams, ibid., p. 313);

- reina soberanamente a ciência ocidental, sem dúvida uma maravilhosa invenção do espírito humano e um verdadeiro instrumento de investigação, mas também, de acordo com Feyerabend (1988, p. 15), um grupo de pressão de onde emergem determinadas “ideologias que se servem do nome da ciência  como arma de extermínio cultural, um monstro monolítico (…) que se diz seguir uma via única e falar a uma só voz” (Feyerabend, 1991, p. 39).

Nestas culturas não há lugar para a diversidade cultural; são espaços onde “a livre concorrência de ideias é bloqueada pela ideologia dominante, que, como toda a ortodoxia, se arroga detentora da verdade e com o direito de impor o pensamento único – e seu, evidentemente (único porque é dogmático)”.

Um fator subjacente à maior parte destas culturas é o culto e a via do “poder”, caminho que “conduz a um Eu que reflete a ideologia da dominação (…) um Eu assente num estado de fragmentação, mais concretamente naquela cisão no Eu que recusa o sofrimento e o desamparo como sinais de fraqueza e, ao mesmo tempo, põe em relevo o poder e a dominação como meios de negar o desamparo” (Gruen, 1996, p. 17). Ainda de acordo com o pensamento desde autor, para quem “o desenvolvimento humano oferece duas alternativas - a do amor e a do poder” (ibid., p. 17) -, este tipo de ideologia veda o acesso a sentimentos e necessidades genuínos, bem como “tranca a porta” a outros aspetos fundamentais da experiência comum de todo o ser humano, como é o caso da autenticidade e da autonomia.

Nestas “ideologias/culturas”, a obediência ao poder e à autoridade; a necessidade incessante de reconhecimento e aprovação; a ambição de poder, “comando”, controlo e posse de “coisas” e “seres vivos”; a sobrestimação da intelectualização, abstração e racionalização; o conformismo e as confusões entre liberdade, desobediência e autonomia, são imperativos que prevalecem sobre a capacidade de sentir o sofrimento próprio e do outro, a negação das verdadeiras necessidades, a substituição da vontade própria pela alheia, o pavor do desamparo, da fraqueza e da vulnerabilidade, a fuga e o medo da intimidade, a reação às vivências com distanciamento e não com sentimento.

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Este artigo tem como objetivo fundamental revisitar o tema da “neurose obsessiva”, designadamente, numa perspetiva diacrónica, descritiva e sintética, o percurso do pensamento teórico de Freud sobre o tema, numa tentativa de, conforme o título do trabalho, sobrevoar o primeiro olhar psicanalítico da neurose obsessiva. Trata-se do primeiro de dois artigos sobre este tema, constituindo-se como “rampa de lançamento” para, em artigo posterior, revis(i)tar tópicos primordiais do funcionamento obsessivo no seu sentido lato, isto é, que inclui a neurose obsessiva, o carácter obsessivo e os mecanismos de defesa do tipo obsessivo.

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No início do século passado, a neurose obsessiva era considerada uma doença mental, fazendo parte da loucura. Morel (1866) faz uma boa descrição da neurose obsessiva, embora ainda como delírio emotivo, porém é em Luys (1883) que se observa o aparecimento da palavra «obsessão» (Chartier, 1998, p. 181).

A primeira alusão de Freud à neurose obsessiva data de 7 de fevereiro de 1894, numa carta a Fliess (carta 16), citando pela primeira vez o termo Zwangsneurose (neurose obsessiva) em “Sobre os Fundamentos para Destacar da Neurastenia uma Síndrome Específica Denominada Neurose de Angústia (Freud, 1895, p. 99). De salientar, contudo, que em “As Neuropsicoses de Defesa”, escrito em 1894, Freud já tinha feito uma descrição das “representações obsessivas”.

Para Laplanche e Pontalis (1970, pp. 396-397), na forma mais típica, o conflito psíquico da neurose obsessiva exprime-se por sintomas compulsivos e por um modo de pensar caracterizado pela ruminação mental, a dúvida, os escrúpulos, que leva a inibições do pensamento e da ação.

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Debruçando-se sobre o termo alemão «zwang», Hanns (1996, pp. 101-108), no Dicionário Comentado do Alemão de Freud, refere que o vocábulo:

  • Tomado isoladamente, e apenas no sentido coloquial, tem um significado diverso de “obsessão” e “compulsão”, porém, na linguagem psiquiátrica, de um ponto de vista linguístico, as composições com zwang evocam a imagem de um sujeito sendo obrigado, contra a sua vontade, a agir ou a pensar de determinada forma;
  • Surge conotado com os verbos zwingen (“obrigar”, “forçar”) e zwangren: enquanto o primeiro expressa uma “coacção forte”, evocando a ideia de “encurralar”, o segundo significa “comprimir”, “fazer passar à força”;
  • Evoca a noção de certa alteridade (ou externalidade) da “fonte que pressiona”, o que não significa necessa-
    riamente que a origem esteja localizada fora do sujeito: “como se algo autónomo dentro de mim me força a agir em determinada direção”;
  • Implica certo entrenhamento do ‘eu com o eu’ e é resultado de uma força à qual o sujeito desejaria resistir” (ibid., p. 102).
  • De acordo com Mijolla e Mijolla-Mellor (2002, pp. 471-472), o termo alemão zwangsneurose (literalmente: neurose de coação) aponta efetivamente para a sua dimensão compulsiva ao nível do pensamento (obsessões) como dos atos e afetos (compulsões), todavia, na medida em que o processo neurótico se desenvolve predominantemente no registo da atividade do pensamento - gerando zwangvorstellungen, isto é, representações obsidiantes -, preferem a designação «neurose obsessiva».       

Para Zimerman (2001, p. 302), de um ponto de vista etimológico, o termo obsessivo deriva do latim de ob (contra, a despeito de) + stinere (uma posição própria, tal como aparece em destino), o que, de acordo com o autor, reflete a ambiguidade e a ambivalência própria do sujeito obsessivo enclausurado entre um superego  tirânico (que obriga a fazer, pensar ou omitir, sob pena de…) e um id “mortinho”  por tomar uma posição contra esse mesmo superego. Neste sentido, McWilliams (op. cit., p. 316) considera que o conflito afetivo básico nas pessoas obsessivas “é a raiva (de ser controlado) versus o medo (de ser condenado ou punido) ”, ou, como apropriadamente refere Amaral Dias (2000, p. 251), “ser apanhado com as calças na mão”.

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Considerado por Freud “o tema mais interessante e compensador da pesquisa analítica” (Freud, 1926, p. 115), a neurose obsessiva foi uma das psicopatologias que mais aprofundou.

Na sequência do objetivo e título do presente trabalho, “sobrevoemos”, numa perspetiva descritiva e sintética, o percurso do pensamento teórico de Freud sobre a neurose obsessiva:

a) Em as As Neuropsicoses de Defesa (1894), Freud faz a primeira descrição da neurose obsessiva (Amaral Dias, 2000, p. 20), descrevendo o que denominou de “representações obsessivas”. Perante o aparecimento de uma representação incompatível, ocorreria uma defesa através da separação entre a representação e o afeto. A representação manter-se-ia na consciência, embora enfraquecida e isolada, enquanto o afeto, “tornado livre, liga-se a outras representações que não são incompatíveis em si mesmas, e, graças a essa «falsa ligação», transformam-se em representações obsessivas” (Freud, 1894, p. 59). No mesmo artigo, o autor clarifica que “a obsessão representa um substituto ou sucedâneo da representação sexual incompatível, tendo tomado seu lugar na consciência” (ibid. p. 59).

b) Em Obsessões e Fobias (1894/5), embora sem acrescentar nada de muito relevante ao texto anterior, Freud escreve sobre as obsessões, nomeadamente sobre a sua etiologia e mecanismo psíquico, reiterando as estratégias de defesa elaboradas pelo psiquismo, principalmente no que diz respeito à separação entre afeto e representação, deslocamento para outras representações e isolamento do afeto. Renova também o teor sexual das representações iniciais, razão pela qual sucede a separação do afeto e consequente isolamento.

c) No artigo “Observações Adicionais sobre as Neuropsicoses de Defesa” (1896), Freud diz-nos que “a natureza da neurose obsessiva pode ser expressa numa fórmula simples. As ideias obsessivas são, invariavelmente, autoacusações transformadas que reemergiram do recalcamento e que sempre se relacionam com algum ato sexual praticado com prazer na infância” (Freud, 1896, p. 169). A causa última seria sempre a sedução da criança pelo adulto, aliás equívoco que será desfeito mais tarde.

d) Nos Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade (1905), na linha de pensamento que ligava a perturbação obsessiva à sexualidade, Freud associa a neurose obsessiva à fase genético-evolutiva anal, mais propriamente uma fixação à fase anal.

e) Em “Atos Obsessivos e Práticas Religiosas” (1907), Freud afirma que os atos obsessivos têm um sentido, porém a pessoa não acede a ele, porque “o ato obsessivo serve para expressar motivos e ideias inconscientes” (Freud, 1907, p. 113). Para o autor, “os atos cerimoniais e obsessivos surgem, em parte, como uma proteção contra a tentação e, em parte, como proteção contra o mal esperado” que inevitavelmente sobrevirá se a pessoa não executar o ritual (ibid., p. 115). Tais medidas de proteção, contudo, depressa se tornam insuficientes na luta contra a “tentação” e eis que emergem as proibições, “cuja finalidade é manter à distância as situações que podem originar tentações” (ibid., p. 115). Essas proibições acabarão por substituir os atos obsessivos. Outro conceito relevante neste artigo é o do deslocamento, importante mecanismo de defesa que “domina os processos mentais da neurose obsessiva” (ibid., p. 116), através do qual ocorre uma “substituição do elemento real - e importante - por um trivial” (ibid., p. 116).    

f) No artigo “Caráter e Erotismo Anal” (1908), texto em que são aprofundadas as diferentes simbologias da dinâmica anal e os mecanismos de defesa que o ego desencadeia para lidar com os “desejos anais”, Freud relaciona os traços de carácter ordem, parcimónia e obstinação às pessoas que, “com um erotismo anal fortemente estabelecido”, classifica de “anal-eróticas”.

g) Em “Notas sobre um Caso de Neurose Obsessiva” (1909), descreve a dinâmica complexa do funcionamento psíquico de um paciente - e por generalização dos obsessivos -, conhecido nos anais da história da psicanálise como o “homem dos ratos”. As ideias principais a enfatizar neste artigo são:

  • As estruturas obsessivas “podem ser classificadas como desejos, tentações, impulsos, reflexões, dúvidas, ordens ou proibições” (Freud, 1909, p. 223);
  • A repressão ocorre através de uma rutura das conexões causais “devidas a uma retirada de afeto” (ibid., p. 233);
  • “a criação da incerteza é um dos métodos utilizados pela neurose a fim de atrair o paciente para fora da realidade e isolá-lo  do mundo” (ibid., p. 233), facto que realça a necessidade e a importância da incerteza, ou da dúvida, na vida do obsessivo;
  • A omnipotência do pensamento, do sentimento e dos desejos (tanto bons quanto maus) - que Freud não deixa de considerar para além dos limites da neurose obsessiva -, aliada ao “pensamento mágico típico do obsessivo”, levam Freud a equacionar uma dimensão psicótica inerente ao funcionamento obsessivo;
  • O conflito amor/ódio , e consequente ambivalência, como característica basilar e comum do neurótico obsessivo;
  • Componente sádica na génese das neuroses obsessivas;
  • A compulsão surge como uma “tentativa para alguma compensação pela dúvida e para uma correção das intoleráveis condições de inibição das quais a dúvida apresenta testemunho” (ibid., p. 244);
  • Proposta de substituição das “ideias obsessivas” por “pensar obsessivo”;
  • Relacionamento das obsessões com sentimentos de inveja, ódio e desejo sexual.

h) Embora o artigo “Tipos de desencadeamento da neurose”, escrito por Freud em 1912, não esteja diretamente relacionado com a neurose em apreço, é importante ser mencionado porque é o precursor do artigo que vai escrever no ano seguinte sobre a “disposição à neurose obsessiva” e pela importância que atribui à frustração e ao modo como o psiquismo lida com ela.

i) Em 1913, Freud escreve o artigo “A Disposição à Neurose Obsessiva: Uma Contribuição ao Problema da Escolha da Neurose”. Neste artigo Freud faz sobressair a:

Regressão de parte das funções psíquicas a um estádio anterior do desenvolvimento do indivíduo – o chamado “ponto de fixação”;

  • Utilização pela primeira vez da expressão “organização pré-genital”, sendo identificados, como os seus “instintos componentes”, o “anal-erótico e o sádico” (Freud, 1913a, p. 345);
  • Importância dos impulsos de ódio e do erotismo anal na formação dos sintomas da neurose obsessiva: o que disporia a pessoa a apresentar a neurose obsessiva seria a regressão a um estádio pré-genital, sádico e anal-erótico;
  • Afirmação de que “os neuróticos obsessivos têm de desenvolver uma supermoralidade a fim de proteger seu amor objetal da hostilidade que espreita por trás dele” (ibid., p. 348). A origem dessa moralidade deriva “do fato de que, na ordem de desenvolvimento, o ódio é o precursor do amor” (ibid., pp. 348-349). Neste assunto Freud está de acordo com Stekel (1911a, p. 536 apud Freud, 1913a, p. 349) ao propugnar que “o ódio, e não o amor, é a relação emocional primária entre os homens”.

j) No livro “Totem e Tabu”, publicado em 1913, Freud discorre sobre os pontos de concordância entre as proibições dos neuróticos obsessivos e os tabus dos povos primitivos. Algumas ideias neste seu trabalho são:

  • Tanto as proibições obsessivas, quanto os tabus, são (aparentemente) destituídos de motivo (Freud, 1913b, p. 44). Na origem das proibições (tanto no neurótico obsessivo, quanto nos tabus dos povos primitivos) está uma hostilidade inconsciente, um impulso hostil contra alguém (possivelmente, um ser amado). Para Freud, a sensação de culpa do neurótico obsessivo “tem uma justificativa: está fundada nos intensos e frequentes desejos de morte contra os seus semelhantes que estão inconscientemente em ação dentro dele” (ibid., p. 97). Tais impulsos hostis reprimidos pela proibição relacionam-se com qualquer ato que possa, por deslocamento, representar um ato hostil. A possibilidade de realização desse ato hostil conduz a um medo de ameaça de morte contra o outro; assim, o desejo dá lugar ao medo.
  • Outro ponto de concordância com o tabu tem a ver com o facto do neurótico obsessivo apresentar, na sua forma de existir no mundo, traços de ambivalência. A ambivalência pressupõe a existência de um sentimento intenso de afeição e uma intensa hostilidade inconsciente. Essa afeição excessiva, que tem como finalidade calar a hostilidade inconsciente, apresenta-se no neurótico obsessivo como uma diligência que se repete compulsivamente.
  • A principal proibição na neurose obsessiva é a de tocar (“fobia de contato”), proibição que vai além do mero contato físico, significando mesmo “entrar em contato com” (ibid., p. 45). De acordo com Freud, “qualquer coisa que dirija o pensamento para o objeto proibido, qualquer coisa que o coloque em contato intelectual com ele, é tão proibida quanto o contato físico direto. Essa mesma extensão também ocorre no caso do tabu” (ibid., p. 45). A proibição é consciente, já o desejo oculto (de fazer o que é proibido) é inconsciente.
  • Enquanto, no neurótico, a proibição (“fobia de contato”) reveste-se de um caráter sexual, no tabu “o contato proibido obviamente não deve ser entendido num sentido exclusivamente sexual, mas sim no sentido mais geral de atacar, de obter o controlo, de afirmar-se” (ibid., p. 85). Ao longo do texto, Freud termina por concluir que os obsessivos acabam por se impor um tabu – “o tabu do contato”-, proibição interna que gostariam de violar, mas que têm/sentem medo de o fazer porque violar o tabu significaria “entrar em contato”.

k) Em “As transformações do instinto exemplificadas no erotismo anal” (1917), Freud relaciona a dinâmica do erotismo anal com a inveja do pénis e a castração:

“Uma vez que a coluna de fezes estimula a membrana mucosa erógena do intestino, desempenha o papel de um órgão ativo em relação a essa membrana; comporta-se exatamente como um pénis (…). O ato de ceder as fezes em favor (pelo amor) de alguém, torna-se o protótipo de castração, é a primeira ocasião na qual um indivíduo partilha um pedaço do seu próprio corpo (é assim que as fezes são invariavelmente tratadas pelas crianças) com a finalidade de ganhar os favores de qualquer outra pessoa a quem ame. De modo que o amor de uma pessoa pelo próprio pénis, que em outros aspetos narcísico, não deixa de ter um elemento de erotismo anal.” (Freud, 1917, p. 92).

l) Em “Inibições, Sintomas e Ansiedade” (1926), texto considerado essencial e marcante na obra de Freud na medida em que estabelece uma segunda teoria da angústia - na perspetiva de Amaral Dias (2000, pp. 261-267) uma teoria da perseguição -, surgem algumas ideias interessantes para a temática em apreço no presente trabalho, vejamos:

  • Divide os sintomas da neurose obsessiva em dois grupos, cada um tendo uma tendência oposta: um grupo mais defensivo – “negativo dos sintomas”- constituído por proibições, precauções e expiação; outro formado por satisfações substitutivas que frequentemente assomam em “disfarce simbólico” (Freud, 1926, p. 114);
  • Considera que a neurose obsessiva tem origem na mesma situação que a histeria, i.e., “necessidade de desviar as exigências libidinais do complexo edipiano” (ibid., p. 115);
  • Afirma que “a organização genital da libido vem a ser débil e insuficientemente resistente, de modo que, quando o ego começa os seus esforços defensivos, a primeira coisa que ele consegue fazer é lançar de volta a organização genital (da fase fálica), no todo ou em parte, ao nível anal-sádico mais antigo”, considerando este facto de regressão decisivo para tudo o que se lhe segue (ibid., p. 115);
  • Como eventual motivo para a regressão equaciona também a oposição do ego demasiada precoce e intensa, num momento em que a fase sádica (pressupõe-se anal-sádica) se encontra no seu apogeu (ibid., p. 115);
  • De um ponto de vista explicativo metapsicológico da regressão, Freud enquadra-a num processo de “desfusão do instinto, em um desligamento dos componentes eróticos que, com o início da fase genital, se juntaram às catexias destrutivas que pertenciam à fase sádica” (ibid., p. 116);
  • Para Freud, o superego dos os neuróticos obsessivos “torna-se excecionalmente severo e rude e o ego, em obediência ao superego, produz fortes formações reativas de consciência, piedade e asseio” (ibid., p. 116);
  • O impulso agressivo é totalmente inconsciente do ego, que só o percebe como “um «pensamento» que não desperta qualquer sentimento” (ibid., p.118). O afeto, deixado de fora quando a ideia obsessiva é percebida, surge num lugar diferente e separado do pensamento. O superego não percebe que ocorreu a repressão, não percebe que a ideia e o afeto foram separados, julgando estar em contato com “a verdadeira enunciação e o pleno caráter afetivo do impulso agressivo, e trata o ego em conformidade com isso” (ibid., p. 118); o ego “que, por um lado, sabe ser inocente, é obrigado, por outro lado, a ficar cônscio de um sentimento de culpa e a arcar com uma responsabilidade pela qual não pode responder” (ibid., p. 118).
  • Porque a verdadeira repressão se depara com dificuldades na neurose obsessiva, Freud descreve dois mecanismos de defesa que a podem substituir: a anulação retroativa (desfazer o que foi feito ) e o isolamento. Com efeito, para o neurótico obsessivo, a repressão não consegue alcançar a sua função de mecanismo de defesa, porquanto o que ocorre é uma busca de satisfação através dos sintomas. Na anulação retroativa, ocorrem duas ações, em que a segunda cancela a primeira, tentando, de forma mágica, desfazê-la . Segundo Freud, a mesma finalidade talvez possa explicar a obsessão de repetir: “quando não aconteceu na forma desejada, é desfeita, sendo repetida de uma maneira diferente (…) à medida que a neurose continua, amiúde verificamos que o esforço em desfazer uma experiência traumática constitui um motivo de primeiríssima importância na formação de sintomas” (ibid., p. 121). No isolamento (característico da neurose obsessiva, segundo Freud), “a experiência não é esquecida, mas em vez disso, é destituída de seu afeto, e suas conexões associativas são suprimidas ou interrompidas, de modo que permanece como isolada, não sendo reproduzida nos processos comuns do pensa-
    mento” (ibid., p.121);
  • Para Freud, o neurótico obsessivo apresenta um conflito entre o superego e o id, razão pela qual o ego procura afastar a inclusão de fantasias inconscientes e a manifestação de tendências ambivalentes. Quando o obsessivo usa o isolamento (através dos atos mágicos, que se desenvolvem na forma de sintomas), o que ele procura impedir é que ocorram associações e ligações do pensamento, seguindo uma regra fundamental da neurose obsessiva: o tabu do contato ou de tocar.
  • Evitar o contato com o objeto, seja do investimento amoroso, seja do agressivo, é o papel fundamental do tabu. Com efeito, para Freud, “o toque e o contato físico são a finalidade imediata das catexias objetais agressivas e amorosas”; “Eros deseja o contacto porque se esforça por tornar o ego, e o objeto amado, um só, por abrir todas as barreiras espaciais entre eles. Mas também a destrutividade (…) deve pressupor contacto físico, em engalfinhamento” (ibid., pp. 122-123). E acrescenta mais à frente, “a neurose obsessiva começa por perseguir o toque erótico e depois, após ter-se verificado a regressão, passa a perseguir o toque erótico à guisa de agressividade” (ibid., p. 123); o obsessivo utiliza o isolamento como forma de defesa, pois “isolar é remover a possibilidade de contato; é um método de evitar que uma coisa seja tocada de qualquer maneira” (ibid., p.123). Ao isolar uma determinada impressão, o neurótico obsessivo isola os pensamentos referentes a essa impressão dos demais pensamentos, impedindo qualquer contato associativo entre eles.
  • Nos Adendos (ibid., pp. 158-160) Freud escreve sobre repressão e defesa. Nesse texto explica que na neurose obsessiva “as ocorrências patogénicas não são esquecidas. Elas permanecem conscientes, mas são ‘isoladas’” (ibid., p. 159).
  • No mesmo texto reintroduz o antigo conceito de defesa, que pode abranger todos os processos cuja finalidade é a “proteção do ego contra as exigências instintuais” (ibid., p. 159); considera a repressão como um caso especial desses processos defensivos, embora, contrariamente ao que sucede na histeria, na neurose obsessiva a repressão falha como mecanismo de defesa: o reprimido não é esquecido, mas destituído do seu afeto (isolamento).

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Considerado por Freud como o objeto mais interessante e fecundo da pesquisa analítica, a neurose obsessiva, enquanto conflito psíquico, exprime-se por sintomas (obsessões e/ou compulsões) obsidiantes, fruto de um «demónio» que age no interior do indivíduo” . Salienta-se um modo de pensamento caracterizado, entre outros, pela ruminação mental, dúvida, escrúpulos, fenómenos que se situam a montante de inibições neuróticas do pensamento e da ação; aliás, numa perspetiva da análise das perturbações do pensamento, Luzes (2011, pp. 54-59), considera que em Freud podem ser discriminadas três fases na neurose obsessiva:

  • 1ª (1896) – Nas Novas observações sobre as neuropsicoses de defesa, Freud considera as obsessões como sendo culpas que o indivíduo atribui a si próprio e que se relacionam com uma ação sexual no passado; neste trabalho Freud já concebe o estilo do pensamento obsessivo. O que conta para o doente é a forma de pensar e não o seu conteúdo (ibid., pp. 54-55);
  • 2ª (1909) – Nas observações sobre um caso de neurose obsessiva (O Homem dos ratos) Freud já não vê as obsessões como unicamente consistentes no remorso ou na culpa, representando também outros conteúdos: desejos, tentações, pulsões, dúvidas, ordens defesas. Como os desejos e as tentações infiltram as culpas, o doente empreende uma luta defensiva que conduz a novas perturbações do pensamento. O pensamento é sexualizado porque o prazer, vulgarmente associado às representações e aos conteúdos do pensamento, é transposto para o próprio ato de pensar. A omnipotência dos pensamentos está relacionada com a sua sexuali-
    zação. A necessidade de descarregar sem demora, primitivamente ligada às pulsões sexuais, encontra-se deslocada para o pensamento (ibid., pp. 55-57);
  • 3ª (1926) – Inibição, sintoma e angústia representa uma nova formulação freudiana da neurose obsessiva. Neste livro descreve pela primeira vez um mecanismo defensivo que tem uma grande importância na génese das alterações do pensamento obsessivo, que produz o intelectualismo e a racionalização, bem como suprime as relações associativas entre os diferentes conteúdos: o isolamento.

À guisa de conclusão

a. Lato sensu, a neurose obsessiva pode ser considerada o palco de vários “cenários” colocados em cena por “tópicos”, tais como, o deslocamento do afeto para representações mais ou menos distantes do conflito original, isolamento, anulação retroativa, formação reativa, racionalização, “supermoralidade”, regressão, fixação no estádio anal, relação de objeto sadomasoquista, tensão entre o ego e o hiper-severo “super-superego”, agressividade, amor-ódio, ambivalência, relação à distância, controlo possessivo do objeto, inação, carácter anal, dúvida torturante, incerteza, vergonha, tabu do contacto, mentira mental, pulsão de morte, rivalidade edipiana, complexo de castração, neurose narcísica;

b. Strito sensu, na linha do pensamento de Coimbra de Matos (2003):

1) “Na obsessão há uma regressão pulsional, regressão sádico-anal, que comporta uma desintricação das pulsões como um recuo da agressividade – do rival para o objeto de amor (…) fenómeno que conduz à pesada ambivalência afetiva (amor e ódio para o mesmo objeto)” (ibid., p. 53);

2) “O depressivo vislumbrou o Édipo ou encetou esse movimento; o obsessivo passou por ele, viveu-o, banhou-se no conflito edipiano (...). O grande problema da persona-
lidade obsessiva é que não conseguiu manter e levar até ao fim a rivalidade edipiana (...) o rival é demasiadamente temido (é grande a angústia de castração)”; a regressão a uma fase pré-genital, “da relação triangular à relação dual”, aliás período em que o relacionamento era menos complexo, “é o aspeto essencial da neurose obsessiva” (ibid., p. 53-54);

3) “Prisioneiro de interdições superegóicas”, criminoso em pensamento e inocente em ato , impedido de tocar ou entrar em contacto (não gozarás e não matarás), adiando constantemente a ação, “o obsessivo é uma máquina de pensar emperrada na decisão e ordens de execução” (Coimbra de Matos, op. cit., p. 56);

4) Farias e Cardoso (2014, pp. 72, 75 e 79), num artigo intitulado “O cárcere obsessivo: o pensamento como ato”, sintetizam muito bem o ponto anterior:

“o torturante aprisionamento na dúvida e a impossibilidade da tomada de decisão implicam severa paralisação da esfera de ação, indefinidamente adiada, posto que o pensa-
mento não realiza a sua função original – a de mediar a ação -; ao contrário impossibilita-a mantendo-a como tabu, fortemente inibida” (…) “cheia de rituais”, “formalidades”, “leis que regulam o permitido e o proibido”, “ações que anulam atos anteriores”, enfim, “empenhado na luta pela vida, o obsessivo não pode viver”, dito de outro modo, recusa o empréstimo da vida para evitar ter de pagar a dívida à morte.

Notas de rodapé

1. Designação dada por Wilhelm Reich (1933), na sua obra Character Analysis, aos caracteres compulsivos.

2. Shapiro (1965, pp. 23-24) destaca três aspetos fundamentais no que designa por Obsessive-Compulsive Neurotic Style: (1) rigidez, (2) modo de atividade e distorção da experiência de autonomia e (3) perda da realidade.

3. Ainda sobre a ciência, nomeadamente alguns conceitos fundamentais (e.g., razão, objetividade, verdade), considera-se importante destacar um conjunto de ensaios publicados no livro “Adeus à Razão” por Paul Feyerabend, obra em que este filósofo da ciência crítica de modo acérrimo duas noções que, no seu entender, têm sido usadas frequentemente para imprimir respeitabilidade à expansão ocidental em termos intelectuais: a noção de Razão e a de Objetividade. Sobre este aspeto o filósofo não manda dizer por outros aquilo que lhe vai na alma: “Numa democracia, o que conta é a experiência dos cidadãos, isto é, a sua subjetividade e não o que pequenos grupos de intelectuais autistas dizem ser verdade” (Feyerabend, 1991, p. 350).

4. Coimbra de Matos (23 de novembro de 2011) - Texto escrito e partilhado com os alunos do curso de formação da AP.

5. Não obstante as personalidades obsessivas e compulsivas serem tendências que frequentemente coexistem/alternam numa mesma pessoa, bem como revelam, na sua origem, dinâmicas semelhantes (McWilliams, 2005, p. 314), optou-se neste trabalho por incidir os holofotes na neurose obsessiva.

6. Loucura raciocinante, delírio parcial, loucura da dúvida, loucura do toque.

7. Num artigo intitulado «Des obsessions pathologiques».

8. Ideias obsidiantes, compulsão a realizar atos indesejáveis, luta contra estes pensamentos e estas tendências, ritos esconjuratórios, etc..

9. Bion (apud Zimerman, 1995, p. 65) refere-se a um «super superego».

10. No sentido de impulso instintivo que se esforça por conseguir os seus fins de forma tenaz e enérgica (Anna Freud, 1983, 6-7).

11. Retorno do recalcado.

12. A outra associação era à neurose.

13. Influência do instinto reprimido que tenta romper a repressão.

14. Segundo Freud este isolamento é uma das tendências de qualquer distúrbio neurótico.

15. Relativamente à dúvida no neurótico obsessivo, Freud defende que ela “corresponde à perceção interna que o paciente tem de sua própria indecisão, a qual, em consequência da inibição de seu amor através de seu ódio, dele se apossa diante de qualquer ação intencionada” (ibid., p. 242); a dúvida tem uma finalidade: “expulsar a incerteza” através da repetição das medidas protetoras (ibid., p. 242)

16. É um conflito em que coexistem amor e ódio intensos, direcionados para a mesma pessoa. O ódio, todavia, é reprimido no inconsciente, onde estaciona, mas não para, podendo surgir como sadismo. Para Freud, num período bem precoce do desenvolvimento do indivíduo, amor e ódio estavam ligados; depois, os opostos se separaram e o ódio foi reprimido. Para manter o ódio reprimido, o amor ganha intensidade, numa tentativa de conter o ódio reprimido. Esse amor intenso e esse ódio (também intenso) reprimido conduzem a pessoa a “uma paralisia parcial da vontade e uma incapacidade de se chegar a uma decisão a respeito de qualquer uma das ações para as quais o amor deve suprir a força motivadora” (ibid., pp. 241-242). Esta paralisia alastra-se a todo e qualquer comportamento da pessoa.

17. “O tabu é uma proibição primeva forçosamente imposta (por alguma autoridade) de fora, e dirigida contra os anseios a que estão sujeitos os seres humanos” (Freud, 1913b, p.51). Constituído por proibições e restrições relacionadas ao que é “sagrado”, “impuro”, “perigoso” e/ou “misterioso”, os tabus “não tem fundamento e são de origem desconhecida” (Freud, 1913b, p.37).

18. Outros autores, e.g., Amaral Dias (2000), fazem uso do termo “angústia”.

19. Há uma ansiedade persecutória que poisa sobre o objeto, todo o objeto contém uma ameaça ao sujeito”; “todo o objeto é traumático, porque nunca é digno de confiança” (Amaral Dias, 2000, pp. 266-267).

20. Refere-se às pulsões de vida - Eros - e às pulsões de morte – Tânatos. Utilizamos aqui o termo pulsões porque, como o refere Zimerman (2001, p. 344) “Inicialmente convém lembrar que há uma equivalência na literatura psicanalítica entre os termos instintos, impulsos, impulsos instintivos e pulsões”.

21. Freud (ibid., p. 120) em nota de rodapé destaca que, em alemão, ungeschehenmachen, significa literalmente “tornando não acontecido”.

22. Segundo Braconnier (2000, p. 109) o isolamento comporta dois sentidos, podendo designar: “um desaparecimento no consciente do afeto ligado a uma representação (recordação, ideia, pensamento) conflitual, enquanto a representação em causa permanece consciente”; “uma separação artificial entre dois pensamentos ou dois comportamentos que estão na realidade ligados, não podendo a sua relação ser reconhecida sem angústia pela pessoa”.

23. “A pessoa neurótica tentará tornar o próprio passado não existente” (Freud, 1926, p. 121).

24. O termo “engalfinhar” significa “deitar as unhas”, “agarrar-se ou envolver-se com um adversário para brigar”, “envolver-se numa discussão ou disputa” (in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, 2008-2013).

25. Cf., Hanns (op. cit., pp. 101-108), nomeadamente quando se refere ao significado do termo alemão «zwang», que, como vimos, faz parte da palavra «Zwangsneurose» (neurose obsessiva). 

26. Laplanche (1987).

27. Adaptação da frase de Otto Rank (s.d.) “alguns recusam o empréstimo da vida para evitarem ter de pagar a dívida à morte” - in Irvin Yalon (2008). De Olhos Fixos no Sol. Lisboa: Edições Saída de Emergência, pp. 94-95.

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Resumo

Numa perspetiva diacrónica e descritiva, o presente trabalho ousa revisitar a neurose obsessiva, nomeadamente o percurso do pensamento teórico de Freud num tema que o próprio considerou “o mais interessante e compensador da pesquisa analítica” (Freud, 1926, p. 115).

Title

Flying over the first psychoanalytic sight of the obsessional neurosis.

Abstract

In a diachronic and descriptive perspective, the present work dares to go over the obsessional neurosis, mainly the approach of Freud’s theoretical thinking in a theme which he himself considered “the most interesting and rewarding of analytic research” (Freud 1926, 115).

Key Words

obsessional neurosis, psychoanalysis, Sigmund Freud.