Revista | Vol. 8, N. 1, Dez 2017

Editorial

PENSAMENTOS

Este número da revista “Se... Não...” é o primeiro da equipa editorial que agora se apresenta.

A equipa editorial entendeu dar uma nova roupagem à revista e torna-la mais leve privilegiando a edição digital. Esperemos que as mudanças conseguidas sejam do agrado dos nossos leitores e amigos.

Nesta nova fase da revista portuguesa de psicanálise e psicoterapia psicanalítica “Se... Não...” estão previstos vários números cuja temática será “Pensamentos”. Este é o primeiro. Pensamentos são produções cientificas e/ ou psicanalíticas que abrangem temas variados e abrangentes e que serão do interesse dos psicoterapeutas, dos psicólogos e dos psicanalistas.

Neste número encontrará artigos de reflexão da compexidade inerente à saúde mental como o de Rui Campos. O autor discute o sofrimento psicológi- co e a importância da relação com o outro. Com Catarina Rodrigues faz uma viagem impirista sobre a importância do divã e da ausência dele. Para a autora a psicanálise ainda é psicanálise sem esse instrumento mítico da psicanálise (o divã). Vitor Moreira propõe-se levar até ao leitor os sistemas complexos. Aborda a vida, o funcionamento dos grupos e do indivíduo sob a matriz dos sistemas complexos, entrecruzando-os com uma forma psicanalítica de lhes dar sentido, procurando contribuir, desta forma, para a expansão do campo da psicanálise. Marta Reis abre as portas do seu gabinete de psicoterapia e mostra-nos as complexiades de acompanhar terapeuticamente um paci- ente profundamente perturbado com diagnóstico de esquizofrenia e como o compreender à luz da teoria bioniana. Alexandra Medeiros num artigo algo poetico estende a passadeira vermelha para nos fazer acompanhá-la para dentro do seu gabinete e observarmos as multiplas intervenções com uma 

criança que elabora o complexo de édipo. Alexandra na ilustração clínica, com o pequeno Fernando, procura dar corpo a Hamlet, personagem da liter- atura e da tragédia. Fernando, protagonista do Teatro da Neurose, oferece ao leitor o sintoma de Hamlet – a inibição – para, através da sua encenação, poder dissolver o Édipo.

Carlos Fernandes oferece-os uma reflexão partindo do aforismo de Descartes ”Penso, logo existo!” para ir ao encontro da Existência não só no Pensar, mas também no Sentir. Não só no pensamento existimos, mas também no senti- mento e na dinâmica corpo-mente. António Surrador envolve-nos numa narrativa diacrónica e descritiva, ousando revisitar a neurose obsessiva e repô-la num lugar fundamental dentro da psicopatologia. Maria João Valgôde ancorada na sua prática aborda numa perspectiva psicanalítica as questões do insucesso escolar enquanto problema de grande dimensão, não só em prevalência, mas em gravidade de consequências para o indivíduo e a socie- dade. Ricardo Gameiro Mendes reflete a partir da sua experiência pessoal enquanto terapeuta numa junta de freguesia e mostra-nos como psicanálise pode ser realizada fora do setting clássico - tal como Catarina Rodrigues - e apresenta-nos a sua psicanálise a Céu Aberto.

O conjunto de artigos que neste número são oferecidos ao leitor constituem pensamentos soltos. Reflexões pessoais que emergiram da prática clínica nas mais variadas circunstâncias e de reflexões teórica nos mergulhos sobre os pensamentos de autores consagrados.

Desejamos a todos excelentes leituras! Saudações psicanalíticas.