Revista | Vol 6, N. 1, Junho 2015

Comentário do caso clínico – A menina mulher de cor de rosa – De Joana Gonçalves

Embora não tenha formulado de forma completa a descrição das diferentes patologias, é possível agrupar – a partir das indicações deixadas por Winnicott – três grandes grupos de distúrbios psicopatológicos que se referem a diferentes bloqueios ou paralisações no desenvolvimento. O primeiro refere-se a perturbações no funcionamento de pessoas inteiras nas suas relações interpessoais: é o grupo das neuroses. O segundo é o grupo das pessoas cujas personalidades não estão integradas e que não chegaram a constituir-se como uma unidade: é o grupo das psicoses. E o terceiro refere-se a um leque muito variado de perturbações – desde as depressões mais benignas às mais patológicas, passando pelos doentes deprivados –, mas que têm um denominador comum: são personalidades recém-integradas.

Luísa parece caber neste terceiro grupo. No entanto, a depressão, entendida como uma complicação associada à personalidade, pode significar muita coisa. Diz Winnicott (1989, p. 54):

Em algum lugar entre a psicose e a psiconeurose entra a depressão. Nesta, a estrutura da personalidade é relativamente bem-estabelecida. Podemos lidar com esta complicação dizendo que há depressões que são bastante psicóticas, com coisas tais como estados de despersonalização fazendo parte do quadro, e que há depressões que são praticamente psiconeuroses.

De tal facto depende, naturalmente (acrescentaria eu), a fase do amadurecimento em que o meio deixou de ser facilitador da continuidade de existência e do crescimento do indivíduo.

Luísa parece ter tido um início bom o su ciente para passar sem bloqueios paralisantes a fase da dependência absoluta. Seja porque a mãe desenvolveu um estado de preocupação maternal primário (Winnicott, 2000), adequado às necessidades do bebé (permitindo uma adequada identificação primária [Winnicott, 1975]), seja porque o pai se ofereceu como substituto materno nesta fase, ou seja, ainda, porque as duas coisas ocorreram (estando o pai em sintonia, tal como a mãe, com as necessidades mais primárias do bebé). Seja como for, o holding (Winnicott, 1983) parece ter possibilitado alguma integração do bebé e a emergência de um primeiro esboço de diferenciação entre o dentro e o fora, embora estas aquisições pareçam ter cado sujeitas a fenómenos de desintegração relativamente fáceis.

Este “equilíbrio precário” terá sido então posto à prova na passagem de “dependência absoluta”I para a “dependência relativa”II, levando a defesas contra uma possível (e de alguma forma pressentida) desintegração. Defesas estas, como a regressão a estados de confusão, a adaptação em “falso self” (Winnicott, 2000) e a submissão à invasão da realidade.

Tudo se passa como se o bebé tivesse amadurecido o su ciente para ter acesso ao impulso espontâneo para criar a dimensão de externalidade (Winnicott, 1975), mas como se esse movimento lhe tivesse sido dificultado pelo meio (a mãe). A desadaptação esperada nesta fase não terá ocorrido da melhor forma, dando origem a um “excesso de presença” (na medida da necessidade da mãe, e não do bebé) que se terá tornado traumático.

Além deste “excesso de presença”, algo terá falhado também na sustentação ambiental que permite a experiência de destruir (aceitação, por parte do meio, dos impulsos agressivos sem se deixar destruir e sem retaliar) e de reparar o que se destruiu (o que permitiria a entrada na fase do concern [Winnicott, 2000]). Assim sendo, fica comprometida a integração e apropriação dos impulsos erótico-destrutivos (sem demasiado sentimento de culpa e concludente necessidade de repressão).

É preciso notar, além do mais, que nesta fase, a ainda insuficiente discriminação entre o mundo objectivo e o mundo subjectivo (Winnicott, 1983) leva a que uma fantasia destrutiva seja muito facilmente experimentada como real. As dinâmicas familiares posteriores parecem confirmar estas falhas primárias – inscritas nos defeitos de carácter dos pais –, atribuindo-lhes assim o colorido de traumatismos cumulativos de que nos falava Masud Khan (1963).

Com efeito, na adolescência, quando retoma a psicoterapia na sequência da “zanga com a mãe”, Luísa parece reviver as dificuldades precoces inerentes a esta passagem da “dependência absoluta” para a “dependência relativa”; actualizando também a desilusão por sentir que a mãe, afinal, parece mais preocupada consigo própria do que com o que é importante para a lha: “Na fase em que me zanguei com o meu pai” – diz – “eu achei que era a minha mãe que me dava mais estabilidade e mais segurança, porque estava lá sempre para mim, mas agora que eu precisava que ela me apoiasse nisto de querer fazer coisas sozinha importantes para mim, ela falhou.” – Como se dissesse: “Afinal ela estava lá para mim porque precisava; não porque sentia que era importante para mim... Afinal ela está preocupada é consigo própria, com a sua solidão, com o seu desamparo, não comigo... Como se me usasse numa espécie de aliança antidepressiva, formando uma equipa comigo contra o meu pai; confundindo-me com a sua raiva e com o seu despeito contra ele...”.

A tentativa de assegurar uma exclusividade fusional e confusional com a lha parece, de facto, evidente, assim como a dificuldade no reconhecimento da lha como pessoa separada de si (e com formas de sentir diferentes), como se fosse suposto que o seu sentir fosse uma continuidade do dela. Além disso, parece ter uma atitude retaliatória quando isso não acontece: quando a lha se afirma com sentimentos diferentes dos dela ou quando tende a sentir a lha como algo diferente de si; entrando mesmo em registos confusionais próximos da psicose (negando a diferença de gerações e, quem sabe, até de sexos). É o que parece acontecer quando revela à lha (sem qualquer filtro; insensível, mais uma vez, aos efeitos que tal possa ter nela; apenas centrada em si mesma e na sua necessidade) que ao olhar para ela se lembra das relações sexuais (sádicas) com o pai: como se a lha não fosse nunca reconhecida por si mesma: ou é uma extensão dela ou é uma extensão do pai...

O pai, por sua vez, se terá contribuído na fase mais inicial como substituto materno, falha como pai forte e companheiro da mãe que sustenta a díade inicial e facilita os posteriores processos de separação. Assim, o período do concern, por si só longo (já que vai dos seis meses aos cinco anos) e, portanto, com muitas oportunidades para falhas do ambiente, inicia-se já em terreno pobre. Isto é, a precariedade das aquisições anteriores não permite o acesso pleno a esta nova fase; a criança ca “presa” nas conquistas que não realizou cabalmente nas etapas anteriores e não pode fazer frente a novos desafios. Por outro lado, se não foi possível ter acesso a um meio seguro nas fases anteriores (que não se deixasse destruir e não retaliasse, permitindo a estabilização dos processos de separação e diferenciação), também não é de esperar que seja possível agora. E se a mãe não se oferece (e não se ofereceu) como meio seguro o su ciente, o pai parece também falhar nesta função.

Cláudia Dias Rosa (2010) escreve a este respeito:

Garantir a indestrutibilidade do ambiente é justamente um aspecto importante da presença e acção paternas no estágio do concernimento, quando a criança descobre-se destrutiva e precisa contar com a força do ambiente para poder continuar a sê-lo. E este é, inclusive, um pré-requisito para o ingresso nas vivências edípicas. (...) Se, por estar desprotegida, a criança temer demasiadamente sua excitação instintual, ela não conhecerá a força e a real qualidade dos seus impulsos, e constantemente se defenderá de sua agressividade por não se sentir segura e livre para viver as diversas experiências de sua vida instintiva.

Assim, o acesso ao “concern” e, posteriormente, à dimensão edipiana e à estruturante triangulação cam aquém da possibilidade de experiência. Como ela própria diz: “Eu nunca tive uma família com pai e mãe (...) sempre fui sozinha com pai ou com mãe” – e mais: “eu queria sentir ciúmes, eu queria que eles se dessem bem... eu queria apoiar-me neles para crescer segura...”

Assim, os ciúmes dos namorados dos pais, longe de serem ciúmes edipianos, são antes a queda da esperança de um possível entendimento entre os pais (que lhe permitisse um lugar mais diferenciado na família e a consequente facilitação dos processos de afirmação identitária). Não se trata, portanto, da dificuldade na integração de terceiros (pelo menos a um nível mais profundo). Aqui, infelizmente, tudo parece passar-se na relação dual. O acesso ao Édipo, já bloqueado pela precária integração Eu e pela consequente impossibilidade de acesso ao concern (pelo menos de forma plena), ca também obstruído pela não sobrevivência do meio familiar: O seu maior desejo – compreende-se – era juntar os pais, ser rica e não ser disléxica. Isto é, ter segurança, afecto e confiança na sua própria forma de ver o mundo.

Estas contingências decorrentes do desenvolvimento primitivo justificam, então, previsíveis dificuldades ao nível dos processos e dos fenómenos transitivos (Winnicott, 1975) que apontam para as referidas dificuldades de aprendizagem, bem como para as dificuldades descritas pela analista em introduzir, na psicoterapia, a dimensão do lúdico. Na verdade, é preciso uma boa articulação entre a realidade interior e a realidade exterior para seja possível a exploração do meio e a ampliação do espaço potencial (Winnicott, 1975, p. 79 e p. 151) que torne possível criar, recriar-se, brincar e aprender:

É no brincar, e talvez apenas no brincar, que a criança ou o adulto fruem da sua liberdade de criação.

A confiança do bebé na dedignidade da mãe e, portanto, na de outras pessoas e coisas, torna possível uma separação do não-eu a partir do eu. Ao mesmo tempo, contudo, pode-se dizer que a separação é evitada pelo preenchimento do espaço potencial com o brincar criativo, com o uso de símbolos e com tudo o que acaba por se somar a uma vida cultural.

Ou seja, os objectos transicionais unem e separam, simultaneamente, aquilo que é subjectivo daquilo que é objectivamente percebido. São sucedâneos da ilusão de omnipotência (Winnicott, 1983) e representam a transição do bebé de um estado de fusão inicial com a mãe (dois em um)III para um estado em que passa a estar em relação com ela como algo externo e separado de si. Do nosso ponto de vista, é precisamente nesta transição que se situam as dificuldades da jovem paciente.

Ora se o contacto com a realidade (interna e externa) está muito comprometido com um funcionamento em falso self (Winnicott, 2000) – como parece acontecer pelas descrições da terapeuta e como se compreende pelas dificuldades nas fases iniciais –, isso significa que todos estes processos estavam já, e continuarão a estar, bastante condicionados. Isto é, a falta de confiança do bebé na dedignidade da mãe compromete o preenchimento do espaço potencial, o que, mais uma vez, di culta a necessária separação e diferenciação. Assim, a dislexia parece remeter para uma linguagem que oscila entre a sua forma pessoal de ver a realidade (externa e interna) e o falso self defensivo que a obriga a colocar-se no lugar da mãe (confundindo-se com ela ao invés de afirmar-se como diferente). Esta ocorrência, portanto, parece denunciar a defesa contra a depressão (contra a depressão anaclítica, decorrente do desamparo que sucede a separação) – que ocupa o lugar da conquista da capacidade para as identificações cruzadas (Winnicott, 2005). A capacidade de se responsabilizar/preocupar com o outro (concern) – decorrente da tolerância e da bondade da mãe –, que permitiria a integração da vida instintiva, e nomeadamente da agressividade primária, permanece assim por integrar. Em vez disso, há um adultomorfismo em falso self. Tal justifica que Luísa tema a sua agressividade (bloqueada e sentida como eminente) e as retaliações que daí possam advir: tem medo de fazer mal aos outros e do castigo que daí possa resultar.

O acesso à integração desta agressividade primária reforçaria (por altura do concern) a integridade e a força do Eu, permitindo o estabelecimento do chamado círculo benigno (Winnicott, 2000). É precisamente neste contexto que encontramos as dificuldades na integração da ambivalência (os pais extremamente idealizados no início do processo terapêutico) e a dificuldade na gestão dos impulsos que a faz desejar “ter dezoito anos” (fugir desta impossibilidade de ser criança e aferrar-se ao falso self defensivo que a livre de se sentir perdida e sem possibilidade de se apropriar do seu próprio sentir).

E é assim que se sente dividida em duas: ela própria (em “falso self”) e Matilde (o “self verdadeiro”IV ávido e destrutivo que não se pôde desenvolver) condenada a uma adaptação falsa ou à impossibilidade de ter lugar e ser bem aceite no mundo dos relacionamentos.

A defesa obsessiva: as arrumações (quando se sente ansiosa, por exemplo, na sequência de um movimento regressivo na psicoterapia) – e mais tarde o fanatismo religioso – servem o controlo da irrupção pulsional; reprimida sem ser integrada; mas também a tentativa de reforçar a separação entre o “bom e o mau”.

Na adolescência, esta rigidez (e a vontade de dela sair) apontam para a necessidade – e abrem nova oportunidade – para elaborar os conflitos subjacentes a esta problemática.

Luísa cresce, então, num aparente estado de saúde – apoiando a mãe e o pai – e escorada numa falsa personalidade que parece ceder quando verdadeiramente convocada a contribuir (por exemplo, através dos rendimentos escolares).

Ariadne Moraes, no seu artigo “A defesa do falso si-mesmo e os estados depressivos”, refere um tipo de falso self organizado precisamente na passagem da dependência absoluta para a dependência relativa – a fase Humpty-Dumpty, como lhe chamou Winnicott. Humpty Dumpty, o conhecido personagem dos contos infantis que está sempre em desequilíbrio, sempre a cair, é comparado por Winnicott, ao bebé recém- -integrado, para dar ênfase à fragilidade da integração e à vulnerabilidade a fenómenos de desintegração (no início desta fase de dependência relativa). A esta integração frágil e precária sobrepõem-se ainda as tarefas relativas à fase do concern.

Diz Ariadne, citando Winnicott (1965m/1990b, p. 136, in Ariadne Moraes, 2010):

Quando o falso si-mesmo é organizado no estágio “Humpty-Dumpty”, isso ocorre em razão de dificuldades ligadas às conquistas do estágio do concernimento e em relação à integração dos instintos e da agressividade pelo bebé em decorrência de falhas maternas na realização das tarefas do referido estágio. Nessa última circunstância, não seria adequado dizer que o falso si-mesmo protege o verdadeiro si-mesmo do risco de aniquilação, pois, quando o lactente alcança esse estágio, já está de certo modo “livre das malhas do cuidado materno”.

Ora, para haver um eu verdadeiro tem que ter havido alguma “organização mental” própria do “indivíduo” (Winnicott, 1990), derivada do amadurecimento pessoal, e não da activação precoce da mente – hipótese que nos parece verosímil, em relação ao atrás referido “impulso” para criar a externalização, abrindo caminho ao “uso do objecto” (1975). Assim sendo, a organização do “falso self”, nesta fase, teria como função – mais do que ocultar o “eu verdadeiro” – esconder “a realidade interna do lactente” (Winnicott, 1990). Este falso-eu assentaria, portanto, na conquista da unidade psicossomática e serviria para garantir a manutenção da precária integração conquistada. Predominaria, portanto, a submissão, em vez do isolamento.

A consequência directa deste fenómeno é a constituição de um eu fraco, já que a ocultação da realidade interna indica sempre, e conduz sempre, a uma certa vulnerabilidade. Assim, as experiências instintivas e agressivas, em vez de contribuírem para o reforço do sentimento de ser real, são sentidas como uma ameaça que põe em causa a frágil integração. Tal dificuldade está ainda na origem quer de reacções impulsivas (que escapam ao controlo da defesa edificada pelo falso self) quer das defesas obsessivas (que vêm em socorro, quando a separação entre o “bom” e o “mau” é posta em causa).

Estes estados “depressivos impuros” – como explica Ariadne no referido artigo – não se manifestam com humor deprimido (característico das depressões enquadradas em pessoas com um ego forte), mas sim através das mais diversas defesas antidepressivas: por exemplo, o mau humor (que parece ser observado em Luísa (ainda que na sequência de episódios que a terapeuta refere como falhas suas), ou a sua insistência em “ser crescida” e “não quer ser criança para não car triste” – são defesas que parecem enquadrar-se neste esforço para manter a integração.

Efectivamente, Winnicott associa este falso self constituído no início da fase da dependência relativa ao conceito de defesa maníaca (hipomania). A negação da depressão dá então conta da impossibilidade de usar os benefícios do humor deprimido para entrar em contacto com a realidade interna. Movimento este que lhe permitiria o acesso à responsabilidade pela sua vida interna (porque livre de “culpa incutida”, nas palavras de Coimbra de Matos, [2001]) e à desinibição nas relações externas (apoiadas na confiança renovada e na capacidade de reparação).

A adolescência traz consigo uma nova esperança de se encontrar no que sente e reconhece como verdadeiro; de operar as separações dificultadas no passado; de efectivar revoluções e de romper com falsas soluções impostas pela moralidade externa e pelas identificações infantis. Luísa recorre à terapeuta porque, tal como no passado, não pode recorrer à segurança encontrada na relação com os pais – sustentada, por sua vez, na relação madura entre eles. Crescer para novas conquistas é difícil, com pais que se comportam como filhos. A religião, além de favorecer o referido processo de separação rígida entre o bem e o mal, vem também em socorro desta insegurança básica e do medo de se descontrolar.

Luísa retoma a psicoterapia esperando poder apoiar-se na nova relação (Coimbra de Matos, 2011) para completar as conquistas necessárias à retomada do seu amadurecimento. Espera, portanto, poder apoiar-se na terapeuta para poder prosseguir sem ter que se apoiar nos pais. Procura um meio para poder libertar-se da culpabilidade e da responsabilidade que lhe foram inculcadas, tendo assim possibilidade de assumir verdadeiramente a responsabilidade e a culpabilidade dos seus próprios impulsos, afirmando-se, cada vez mais, como pessoa separada e madura sem demasiado prejuízo da sua espontaneidade.

O desafio esperado para a analista é o da sua sobrevivência, e a capacidade de estar disponível sem interferir nos movimentos depressivos de que vão depender as possibilidades de integração.

Terá também que ter em conta que Luísa é agora uma adolescente, o que coloca exigências diferentes das que se colocavam quando era ainda uma criança. Agora a experiência da vida adquire contornos muito mais importantes. Se já na infância, Luísa precisava de um meio que lhe favorecesse a conquista do mundo, agora a adaptação de um meio seguro a essa necessidade é ainda mais importante. É preciso não esquecer que Luísa precisa libertar-se das antigas dependências infantis, mas não tem ainda maturidade para prosseguir nessa conquista sozinha. Precisa que a analista seja o seu “porto seguro” não sufocante e atento às suas necessidades (ao contrário da mãe e da religião). Precisa que a analista respeite a emergência de algum vazio (sem se assustar e sem o querer preencher precipitadamente) – o tempo que for necessário, até seja ela a preenchê-lo com a sua própria experiência. Precisa ainda que a analista não deixe de ter sobre ela um olhar vivo e real, mesmo quando os seus interesses recaírem mais sobre a realidade do que sobre a sua evolução na psicoterapia. Precisa que a analista a compreenda, sem sair do seu papel adulto, inclusivamente a eventual necessidade do uso negativo da análise e que seja capaz de respeitar algum isolamento inerente à condição adolescente e ao reforço da capacidade de estar só.

Referências bibliográficas

Dias, E. O. (2012). A teoria do amadurecimento de D. W. Winnicott. São Paulo: DWW editorial.

Matos, A. C. (2001). A Depressão. Lisboa: Climepsi.

Matos, A. C. (2011). Relação de qualidade, penso em ti. Lisboa: Climepsi.

Moraes, A. (2010). A defesa do falso si mesmo e os estados depressivos. Winnicott e-prints, vol. 5(1), pp. 1-16.

Rosa, C. D. (2010). O pai e a integração da instintualidade. Winnicott e-prints, vol. 5(2), pp. 1-20.

Khan, M. (1977). O conceito de trauma cumulativo. In Khan. Psicanálise: teoria, técnica e casos clínicos. Rio de Janeiro, Francisco Alves (Obra original de 1963).

Winnicott, D. W. (1975) O brincar e a realidade. Rio de Janeiro: Imago Editora.

Winnicott, D. W. (1983). O ambiente e os processos de maturação: estudos sobre a teoria do desenvolvimento emocional. Porto Alegre: Artes Médicas.

Winnicott, D. W. (1989). Tudo começa em casa. São Paulo: Martins Fontes.

Winnicott, D. W. (1990). Natureza Humana. Rio de Janeiro: Imago.

Winnicott, D. W. (2000). Da pediatria à Psicanálise: obras escolhidas. Rio de Janeiro: Imago.

Winnicott, Donald W. (2005). A família e o desenvolvimento individual. São Paulo: Martins Fontes.


Notas de rodapé

1 – Comunicação apresentada nas Jornadas da AP, associadas ao II Congresso Luso-Brasileiro sobre o pensamento de Donald W. Winnicott, 22 de junho de 2014, Lisboa.
2 – Psicanalista, membro didacta da AP (Associação Portuguesa de Psicanálise e Psicoterapia Psicanalítica).

Notas finais

I – Primeira fase da teoria do amadurecimento descrita por Winnicott em vários contextos da sua obra, por exemplo em A família e o desenvolvimento individual (Winnicott, 2005). Um estudo aprofundado e sistematizado sobre a teoria do desenvolvimento de D. W. Winnicott encontra-se em Elsa Oliveira Dias (2012) no seu livro A teoria do amadurecimento de D. W. Winnicott.

II – Segunda fase do amadurecimento pessoal descrita por Winnicott, por exemplo, em Da pediatria à psicanálise (1983).
III – Winnicott (2000) fala neste estado “fusional” inicial (na fase da dependência absoluta), no qual não é possível falar no bebé sem falar da mãe (e vice versa), daí a denominação “dois em um”.
IV – O conceito de verdadeiro self pode ser encontrado em vários sítios da obra de Winnicott, nomeadamente, em Natureza Humana (1990).

Title

Comment on the clinic case Luísa, Pinky Girl Woman, from Joana Gonçalves. 

Abstract

Starting from the case presented by Joana Gonçalves (included in this publication) and based on the theory of maturation from Donald W. Winnicott (widely studied by Elsa Oliveira Dias), the author proposes a comprehensive reading of the case exposed. e author proposes some thoughts around the third diagnostic group possible to consider from the considerations of Winnicott.

Keywords

Separation • differentiation• integration • desintegration.